Artigo publicado online pelo O Minho e em papel pelo jornal Cardeal Saraiva de 03/02/2017
No discurso de despedida Obama referiu que “a mudança só
ocorre quando as pessoas comuns se envolvem”. Em Ponte de Lima, são muitos,
cada vez mais, os que se manifestam contra a governação autárquica que nos
trouxe até aqui. Foram mais de duas décadas de maioria absoluta do CDS.
O caminho foi difícil, mas o ciclo foi interrompido. O PSD, o
principal partido da oposição em Ponte de Lima, surpreendeu neste mandato,
conseguindo unir-se, criar um caminho alternativo, com os eleitos
sociais-democratas (freguesias, Assembleia Municipal, Câmara Municipal) a
funcionaram em grupo, abertos à comunidade que os elegeu, sem busca de
protagonismos pessoais. O PSD enfrentou e denunciou o poder estabelecido (linha
de muito alta tensão, paços do concelho, terrenos de Calvelo, Central de
betuminoso de Arcozelo…) apresentando várias propostas e caminhos alternativos (criação
de um Centro de
Medicina Desportiva, cartão do idoso,
comparticipação de medicamentos, Centro de Apoio e Incubação, aumento do número
de bolsas de estudo para o ensino superior, política de apoio à Saúde Oral...).
Apresentou um caminho onde a Câmara Municipal assume um papel interventivo com
políticas sociais voltadas para a população, com políticas de promoção e
criação de emprego.
A maioria abalou e está prestes a ruir, o CDS dividiu-se. Os
dois delfins de Campelo disputam o eleitorado CDS, Vitor Mendes, vereador,
vice-presidente e presidente da Câmara, e Abel Baptista, vereador,
vice-presidente da Câmara, presidente da Assembleia Municipal, deputado,
vereador da Câmara de Monção e que até poderá ter o apoio dos órgãos locais do
PS. Qual dos dois preferirá o eleitorado do CDS?
Na verdade, os dois representam as políticas do passado, que
levaram a um concelho com o nível de rendimentos per capita dos
mais baixos do país, com uma capacidade de atractividade de empresas e emprego
dos mais baixos da região, que vê as suas exportações ficarem muito, mas muito
aquém do que acontece em concelhos vizinhos, que vê como prática a aplicação de
políticas antagónicas aos anseios e expectativas das pessoas…
A realidade que se sente nas freguesias, no
contacto com as pessoas, é que a divisão é entre aqueles que querem manter o status
quo, ou que têm receio de o enfrentar, e aqueles que
querem e acreditam que é possível outro caminho, outra realidade. É cada vez
mais perceptível que os extremos estão entre as duas candidaturas do CDS (status quo) e a candidatura do PSD
(mudança).
O PSD surpreendeu os mentores do status quo ao
repetir Manuel Barros como cabeça de lista à Câmara Municipal. Com essa decisão
reforçou a sua imagem de consolidação, de tranquilidade, de afirmação que demonstrou
a sua capacidade/preparação de construção de uma alternativa, de uma mudança.
Temos
assim o cenário inverso ao das últimas eleições autárquicas. Por um lado, um
CDS dividido em duas candidaturas e por outro, uma candidatura do PSD,
constituída por pessoas comuns que se querem envolver na sua
comunidade, que congrega a capacidade da oposição de fazer frente, olhos nos
olhos, a um poder, até agora maioritário, que dura desde o início dos anos 90.
Sim, o status quo está abalado…
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