Férias
As férias de Verão estão sempre presentes na nossa memória.
Normalmente as que ficam como momentos inesquecíveis são as da nossa juventude,
num tempo em que as férias eram realmente “grandes”.
As nossas, por norma, eram passadas no rio Lima. No final das aulas,
pegava-se na bicicleta, no meu caso uma bmx, e nunca mais a se largava, a meio
das férias esta já mais parecia um membro do nosso corpo que outra coisa
qualquer. Interessante como a bmx significava a possibilidade de ir onde
queríamos, literalmente não existiam limites nem que para isso a bicicleta
tivesse que ir em ombros… Os trilhos para a “ilha”, entre milho, vinha,
carvalhos e salgueiros eram calcorreados pelos pneus azuis da bmx como se
fossem trilhos de uma qualquer selva exótica. Os corpos iam ficando negros, não
bronzeados, pelas horas passadas ora dentro das águas do rio ora nas suas
margens ora nos longos raides ciclo-turísticos. A manhã era ocupada na
realização de “filmes” ou na visualização de vhs da National
Geographic ou do Jacques-Yves
Cousteau, intervalados
com a MTV, das 14 horas às 19 o rio era o nosso mundo.
Seriamos aí uns 10 ou 11 membros dessa tribo. Construíamos uma “casa”
na ilha com os galhos dos salgueiros e tratávamos essa “casa” como se fosse um
castelo. Fomos vendo como o rio mudava, como a barragem e as suas descargas
influenciavam o seu leito, a sua fauna, como a areia ia aumentando ou
diminuindo (hoje a areia é uma raridade nas margens do nosso rio…).
Mas as férias não eram só de dia, as férias de Verão eram também as
noites quentes. À noite percorríamos várias esplanadas, lembro-me do Dança na eira, (ainda se lembram?) um
espaço aprazível, com uma explanada onde antes existia uma eira, na freguesia
de Arcozelo, actualmente é um afamado restaurante, ou as esplanadas na Avenida
dos Plátanos.
As férias de Verão eram realmente grandes e só terminavam com os
últimos foguetes das Feiras Novas, como canta o Canário, “já setembro vai a
meio”.
Hoje, já nem as férias são grandes nem as Feiras Novas são a meio de
Setembro, tudo muda, como canta Mercedes Sosa…
Todo cambia
Cambia lo superficial
Cambia también lo profundo
Cambia el modo de pensar
Cambia todo en este mundo
(…)
Pero no cambia mi amor
Por mas lejo que me encuentre
Ni el recuerdo ni el dolor
De mi pueblo y de mi gente
(…)
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