domingo, dezembro 21, 2025

Alto Minho, artigo de 18-12-2025

 Será mesmo a escuridão a chegar?

Já repararam que quase ninguém compra jornais nacionais em papel? Basta estar atento numa qualquer sala de espera, ninguém com um livro, ninguém com um jornal ou revista. Todos amarrados a ecrãs na palma da mão. Se pensarmos bem, um dos últimos redutos dos jornais nacionais em papel, onde estes ainda são, pelo menos, folheados, serão os cafés, pastelarias ou as mercearias de aldeia. Ler em papel, num objecto com princípio e fim, sem o infinito scroll, é já algo em extinção. Imagine, agora, a atractividade de esperar para ler em papel o que já ontem se leu na palma da mão, ou se viu na televisão. 

Os jornais nacionais desistiram do dito “país real” e nunca poderão vencer o imediatismo informacional que reina no nosso mundo. Poderiam diferenciar-se, mas deixaram de escrever noticias, reportagens, textos sobre as regiões do interior que apenas têm “direito a pintar” as suas folhas, caso ocorra alguma catástrofe ou algum crime macabro. Perderam-se nas “lutas” por causas que não dizem nada às pessoas fora dos circuitos bem-pensantes de Lisboa ou do Porto. Preferem “catequizar” que reportar. Pois bem, o “país real” retribuiu desistindo dos jornais nacionais em papel.

Confesso que me preocupa mais o desaparecimento do jornalismo local, dos jornais regionais, como este que está a ler. Estes sim, deveriam receber apoios para terem e manterem nos seus quadros jornalistas, editores, revisores, paginadores. Deveriam ter apoio para continuarem a prestar o serviço público de noticiar a sua região, para lutarem contra a crescente substituição do jornalismo por comunicação institucional. Para continuarem a produzir um jornal que, embora possa ter presença online, inclua peças jornalísticas em papel. Imagine um mundo onde a informação sobre o que se passa à sua volta lhe chega unicamente através do filtro de quem governa, através de uma rede social qualquer ou numa página web institucional. Não precisa de imaginar, encontra muitos exemplos, há vários livros, séries ou documentários sobre as ditaduras fascistas, sobre os países da Europa de Leste durante a cortina de ferro, sobre os regimes não democráticos da América Latina ou do Oriente. 

Como escreveu Maria Corina Machado, na passada semana, aquando da aceitação do Prémio Novel da Paz, “até a maior democracia fica mais fraca”.


25 anos, tempo de agradecimento


A Área de Paisagem Protegida Regional das Lagoas de Bertiandos e São Pedro d’Arcos iniciou as comemorações do seu 25.º aniversário. A história começa, no entanto, muito antes do dia 11-12-2000, com centenas e centenas de jovens limianos que, desde os anos 70, fizeram, orientados por António Mário Leitão, vários trabalhos de campo descobrindo a riqueza ambiental daquela zona. Foi esse trabalho inicial que resultou no projecto, liderado pelo então presidente da Câmara de Ponte de Lima, Daniel Campelo, e que viria a culminar no Decreto Regulamentar n.º 19/2000. 

Seria, até como forma de agradecimento da comunidade limiana, justo que, nas comemorações do 25.º aniversário, o município agraciasse essas duas personalidades fundamentais para a existência de um dos espaços naturais mais icónicos de Ponte de Lima.