Os partidos com representação na Câmara municipal
CDS-PP - Este partido sempre liderou a Câmara Municipal de Ponte de Lima, mesmo no tempo da AD. Mas o CDS-PP dos anos 70 e 80 desapareceu com a década de 90. Daniel Campelo, desde o tempo em que era vereador, moldou o partido à sua “persona”. Apostou claramente no controlo, na fidelidade e na falta de contestação para se impor dentro da estrutura. Mesmo quando não era o seu líder formal, ele é que ditava o rumo. O presidente do CDS-PP limiano não é Campelo. Alguém que não esteja particularmente atento saberá quem é? O CDS-PP limiano não é um partido de massas. Não tem muitos militantes. No entanto, tem muitos simpatizantes claramente fruto dos 30 anos de detenção do poder local. Este é o seu fiel eleitorado.
Pese embora não assumirem as divergências, para quem observa a política concelhia, é clara a divisão entre os seguidores de Campelo. Nas últimas eleições, estas divergências foram peremptórias e públicas. A reacção impetuosa de uma estrutura como a JP, que tem uma intervenção pública manifestamente inexistente, contra o seu cabeça de lista à Assembleia Municipal foi prova disso mesmo. Abel Baptista conquistou a distrital, mas parece ser visto como uma ameaça dentro da sua concelhia. O posicionamento no xadrez político no seu estado mais puro. Peão ameaça bispo…
Desde os anos 90 que a aposta é no populismo e no mediatismo, aliás, seguindo a política do então líder Manuel Monteiro. Infelizmente continuou assim até aos dias de hoje.
Campelo afirmou que esta candidatura seria a sua última. A ser verdade, abre a possibilidade de renovação interna e, pelo que se passou nas últimas eleições, de uma possível guerra intestina.
Falta saber se é o CDS-PP que realmente existe em Ponte de Lima ou se é o fenómeno mediático Campelo.
PSD - O PSD é o eterno número dois do concelho. Esteve perto da vitória com Gaspar Castro, mas já no final da campanha sucumbiu, vindo a perder por quatro ou cinco centenas de votos.
Este partido é um caso único no panorama político local. Consegue constantemente vitórias nas eleições nacionais, vitórias estrondosas, ao mesmo tempo que vai perdendo eleitorado de uma forma quase violenta nas eleições locais. A explicação só pode ser uma: a liderança.
Os líderes do PSD local têm sido os mesmos nos últimos 10 anos. Primeiro com Manuel Trigueiro depois com Pedro Ligeiro e agora mais uma vez com Manuel Trigueiro. Estes líderes demonstraram não conseguirem fazer frente ao fenómeno Campelo. Nunca o PSD perdeu tantos votos e mandatos como nos últimos anos.
Ligeiro liderou a JSD concelhia com sucesso, mas não o fez na liderança do partido. Um líder não pode ser refém de ninguém. Trigueiro parece não conseguir que o partido lhe perdoe algumas posições do passado. A sua liderança não surte sinergias, mas antes repulsas mesmo naqueles que antes lhe eram próximos.
A aposta destes dois líderes, que têm conjuntamente traçado os destinos do PSD local, em aumentar desmesuradamente o número de militantes apenas surte efeito internamente. Em eleições, essas filiações não se têm traduzido em mais votos. A militância tem que ser um meio e não um fim.
PS – Este partido não era, localmente, tido muito a sério. Esta situação mudou com o surgimento de Montenegro Fiúza. O actual líder conseguiu entrar no meio, não ser encarado como uma ameaça aos então lideres e paulatinamente conquistou o poder interno. A verdade é que renovou o PS limiano, dando-lhe uma dinâmica que nunca antes se tinha visto neste partido em Ponte de Lima. Falta saber se estas mudanças são para ficar ou apenas passageiras.
A ascensão de alguns dos actuais membros do seu staff e o afastamento de outros, chamados históricos, causou algum embaraço na estrutura. Estes estiveram calados durante o período de eleições, que correu melhor do que alguns vaticinavam, mas o actual período é de eleições internas e a contestação já começou.
Falta saber se a quase ausência do líder nos últimos tempos associada à contestação já referida conseguirá reunir apoios numa estrutura cada vez mais moldada à imagem do seu actual líder.
Nota
A CDU não faz parte deste leque, mas não poderia deixar de a referir. É notório que a retirada abrupta do seu deputado municipal António Matos fez mossa. O eleitorado diminuiu e dispersou-se. A contestação desapareceu e o partido parece não encontrar o rumo anterior. Não estão em causa vedetas, mas sim a capacidade de intervenção, de oposição, de mostrar uma alternativa. A CDU parece ter perdido todas.
Sem comentários:
Enviar um comentário