sexta-feira, setembro 01, 2006

Alto Minho artigo de 01-09-2006

A água de todos nós

Um sindicado da função pública tem vindo a chamar a atenção para os perigos que advêm da "privatização da água" no Alto Minho. Realmente o negócio que se está a fazer com as águas suscita muitas suspeitas e questões. Seria conveniente uma discussão pública daquilo que está realmente em causa. No final deste negócio já não se poderá voltar atrás, por isso seria bom prevenir o futuro dando conhecimento de todo o processo, os comos e os porquês, bem como as reais consequências para os cidadãos.

Será que os eleitores, quando votaram no ano passado, estavam conscientes deste negócio? Talvez não. É que embora sabendo que os serviços prestados por privados têm, geralmente, vantagens, este sector é de tal maneira vital para ser transformado numa máquina que pense apenas no lucro.

Sem se ter discutido esta temática em lado algum, como poderão estar os autarcas cientes da vontade de quem os mandatou, os eleitores, para decidirem sobre um bem essencial, pertença de todos nós? Este é um assunto a ter em conta, de uma importância tal que não pode ser tratado com leviandade. O silêncio por parte dos partidos políticos começa a parecer comprometedor. Porque não levantar este assunto em todas as Assembleias Municipais do distrito? Isto para começar, claro.

O desemprego alastra no concelho limiano

As más notícias para os trabalhadores limianos continuam. A taxa de variação mensal do desemprego registada entre Junho e Julho, tornada pública pelo Observatório do Desemprego do Minho, voltou a crescer em Ponte de Lima. O nosso concelho é, aliás, o único a manter esta tendência, no Minho, desde Abril. Embora o seu crescimento tenha abrandado nos últimos dois meses, em Abril/Maio o desemprego cresceu 3.84 e em Junho/Julho 1.1, o caminho do desemprego continua, infelizmente, ascendente.

Estes dados associados às notícias, vindas a público durante este ano, de que os investimentos, tantas vezes anunciados como troféus pelo Presidente da Câmara, caíram em saco roto, tornam cada vez mais claro que o caminho traçado por esta administração é errado. Os jovens não encontram emprego, quando vão para a Universidade raramente voltam à terra que os viu nascer. Muitos outros, em finais do século vinte e já mesmo no século XXI, tiveram que imigrar como, aliás, fizeram os seus pais e avós. Algo está mal quando assim é. Não é difícil descobrir o quê e o porquê.

Feiras Novas e o fim da música gravada

A Câmara Municipal achou, e bem, que o que se passava nas Feiras Novas em zonas como a da "rampinha" ou a das Pereiras não poderiam continuar como estavam. No entanto, a resolução encontrada originou outro problema. A proibição total de música gravada na zona histórica é condenar parte dos bares limianos a perderem o fim-de-semana "gordo". Desde o Porto, Coimbra e até Lisboa que as Feiras Novas são como que a última grande festa de Verão para milhares de jovens. É obvio que o que se vinha a verificar era a "selva", mas a concentração num só lugar, que no máximo poderia ser complementar mas nunca principal, deste tipo de diversão é devolver zonas como as Pereiras à marginalidade. É retroceder. Paralelamente dá-se a galinha dos ovos de ouro aos barzinhos de empresários que apenas querem de Ponte de Lima a possibilidade de sugarem o nosso tutano.

A melhor e mais sensata solução seria a uniformização da música em toda a extensão da zona dos bares limianos. Um só DJ, uma só música terminariam com a rivalidade entre estes pela capitalização de mais clientes através da música. Isto possibilitaria uma significativa redução nos decibéis debitados pelas colunas de som.

Nelson Lima, ex-presidente concelhio de uma juventude partidária, já dava a cara por esta solução, tal como em relação à necessidade de disponibilizar sanitários provisórios, há coisa de quatro anos. Mas o autismo de alguns parece ser uma característica reinante. Talvez mesmo um requisito.

É certo que as Feiras Novas não são um festival de verão ou uma qualquer "queima das fitas", é certo porque são incomparavelmente muito mais. Uma festa genuinamente popular, feita pelo povo para o povo. Nada se lhe compara. Mas não perceber que o "espírito" destes dois eventos já estão também presentes é não perceber as mutações a que este tipo de festa popular está sujeito. Mutações que representam, no fundo, a sua grandiosidade e longevidade. Não perceber isto é no mínimo um erro grosseiro.

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