quinta-feira, agosto 24, 2006

Alto Minho artigo de 24-8-2006

Rio do esquecimento ou do fechar dos olhos?

Notícias recentes deram conta de algo que há muito se suspeitava. A principal praia fluvial de Ponte de Lima, ex-bandeira azul, a praia fluvial do Arnado, esteve/está temporariamente interdita por se ter detectado, entre outras coisas, Coliformes Fecais e Estreptococos Fecais.

O site do INAG, nas Análises 2006, não deixa margens para dúvidas, a praia do Arnado tem estado temporariamente e ciclicamente interdita pelo Delegado Regional de Saúde.

Pode-se até alegar que as análises foram feitas desta ou daquela maneira, numa altura ou noutra, mas o certo é que a interdição era um facto pelo menos até 14 de Agosto. Infelizmente esta não foi cumprida, ninguém se responsabilizou por efectivá-la e foi ver famílias inteiras a banhar-se nessas águas.

A Câmara Municipal tem responsabilidades nesta matéria. Deveria, desde logo, diligenciar em primeiro lugar a efectiva interdição da praia fluvial, sem apelos ou agravos, e depois apurar os possíveis responsáveis pelas, suspeitas, descargas poluentes. Talvez não fosse mal começar as investigações pelo afluente que desagua na referida praia do Arnado, o rio Labruja.

É totalmente incompreensível verificar que todos os dias, e com direito a enchente nos fim-de-semana, as pessoas continuam a banhar-se em águas, que os profissionais responsáveis pela sua verificação consideram como perigosas para a saúde, sem que aparentemente ninguém queira saber.

Longe vão os tempos dos postais onde se viam as lavadeiras naqueles mesmos locais...

Associativismo em terras limianas

Em Ponte de Lima o associativismo teve momentos áureos com o GEICE nos anos 70 e oitenta. Bem sei que a Escola Desportiva Limiana, "Os Limianos" e outras associações têm tido ao longo da sua vida uma importância grande na vida associativa do concelho limiano, mas têm quase todas um ponto em comum, o desporto. E as outras?

O GEICE não se ficava pelo desporto, era muito mais, e depois desde não existiu outra associação que conseguisse agregar em seu redor um número de associados tão activos e participativos. Muitas têm sido as associações existentes, algumas mesmo com muitos sócios, que nunca se vêem em lado nenhum, em nenhuma actividade da associação a que teoricamente pertencem, apenas existem num qualquer ficheiro. Parece que o associativismo, sem estar relacionado com o desporto, em Ponte de Lima, está fadado a simplesmente não existir.

No último mês temos assistido a notícias que nos dão conta disto mesmo, mas também a outras que talvez indiciem que o "rame rame" habitual esteja a mudar.

Veja-se o caso da MOLIMA e a dificuldade que o seu mais conhecido e activo membro, Amândio Dantas, tem em encontrar sucessores. Pela segunda vez, já no final do outro mandato isto aconteceu, o apelo à renovação não foi ouvido. As eleições para a nova direcção foram adiadas por falta de candidatos ao lugar. Talvez por ser um lugar que tende a ser polémico. É pena. Uma associação do cariz da MOLIMA faz falta para a sensibilização para a causa ambiental. Mas não se pense, no entanto, que é caso único. Olhem para os Bombeiros de Ponte de Lima e logo se encontra outro exemplo.

As outras notícias são mais positivas e dão a conhecer a grande quantidade de pessoas que aderiram e participam activamente nas actividades de "Um dia pela Vida". Talvez ajudada pela temática, as suas actividades têm sido um sucesso. As actividades físicas bem como os colóquios e conferências têm batido recordes de participação. Esperemos que a onda proporcionada pela novidade não fique apenas por aqui e continue assim, activa e firme.

Verão, tempo de acampamentos...

O Alto Minho, mais concretamente, Lamas de Mouro em Melgaço, teve a honra de receber o Acampamento dos Jovens do Bloco de Esquerda.

Este seria um lugar de discussão política. Discussão democraticamente unânime, claro, ao estilo, "eu sou a favor do aborto" logo interrompido por um inflamado "pois eu, camarada, sou a favor da interrupção voluntária da gravidez", ou outros estéreis debates com os temas "radicais" e "irreverentes" a que o Bloco nos habituou.

A aprendizagem também esteve presente nas actividades e deve ter sido bastante, temas não faltavam. Como organizar uma manifestação à porta da embaixada de Israel contra os inexistentes holocaustos perpetuados por este país na guerra contra o Hezbollah, perdão, contra inocentes civis que são barbaramente atacados apenas por ter como divertimento lançar, "democraticamente", mísseis contra o país vizinho, ou como usar um capacete de um amigo motociclista numa manifestação contra a cultura ocidental ou ainda como falar e não dizer nada pausadamente e ao estilo Louçã.

Os jovens do Bloco afirmavam ainda que "…uma revolução sem arte é uma revolução que não vale a pena!". Têm toda a razão. Uma revolução ao estilo da cubana, é esse o seu móbil, não tem sentido se não tiver uma figura "artística" como a de Fidel, para "elevar ás alturas" e "aquecer o espírito" a todos aqueles que não concordarem com a "revolução".

Dois pontos se destacam, ainda, deste acampamento. Não é que os meninos trotskistas se renderam à economia de mercado e contrataram uma empresa de "catering" para lhes fazer a paparoca? É também motivo de destaque a formação de equipas de campo para a recolha de beatas, não fosse por lá passar a nova brigada da GNR contra incêndios. GNR é sempre GNR e não convinha nada encontrá-las no chão. Lindos meninos...

Sem comentários: