segunda-feira, setembro 25, 2006

Alto Minho artigo de 25-09-2006

Feiras Novas, o dia depois

Depois do fim-de-semana das Feiras Novas este artigo tem inevitavelmente que as abordar.

As Feiras Novas começaram com a inauguração da iluminação da zona histórica. Esta é uma das imagens características das festas limianas. Para este ano foi anunciada uma surpresa. Esta, de facto, existiu, embora pareça consensual que foi negativa. A iluminação da Ponte Medieval e da Igreja de Santo António, comparativamente com todos os anos transactos, foi uma desilusão.

O que melhorou bastante foi a circulação na Avenida dos Plátanos. A proibição de vendedores do lado do rio foi uma boa medida que devolveu este espaço aos visitantes.

Outra das mudanças foi o fim da música gravada no centro histórico. A afluência foi menor a esta zona, mas, mesmo assim, bastante para continuar a marcar as Feiras Novas. Sentiu-se, no entanto, a desilusão de muitos visitantes que já não voltaram no domingo. Azar o deles? Talvez.

Do centro histórico, a música gravada e os bares de bebidas brancas e cerveja foram para a Feira do Gado, a EXPOLIMA. Sinceramente não me parece que a pretendida segurança tenha sido alcançada neste recinto. As cercas, o próprio local, as boxes para receber o gado, onde se encontravam os bares, não têm condições para este tipo de concentração de pessoas. A vigilância policial ficava-se pelas saídas e o descampado do próprio recinto foi palco para outros voos. Vários têm sido os epítetos atribuídos a este espaço, o mais conhecido e que estava na boca de todos era o de Vietnam. O país que me surgiu imediatamente, após uma passagem por lá, foi a Colômbia… e não foi pelo café.

As bandas de música na sexta-feira, uma vez mais, marcaram positivamente as festas. Foi uma noite realmente fantástica, podendo-se ver pessoas de todas as idades a divertirem-se com as músicas e a “performance” das bandas.

Sem a visita do Bob Geldof ou da Angelina Jolie, o cortejo etnográfico deu a conhecer as tradições limianas e algumas inovações das mesmas. Este cortejo é, sem dúvida, a grande mostra das raízes culturais do nosso concelho. Sempre imperdível. No final, a manifestação dos pais da Gemieira foi bastante aplaudida.

A Alameda de S. João ainda não conseguiu que as concertinas de outros anos voltassem. Com a proibição de música gravada, é agora um espaço onde se pode encontrar muito churrasco, mas que cada vez mais é apenas uma passagem para a EXPOLIMA.

As concertinas concentram-se no Largo de S. João, no Largo de Camões e na zona da Matriz. Muito Vira, Chula, muitos tocadores, mas senti a falta das cantigas ao desafio, este ano, difíceis de encontrar.

O fogo de artifício, um dos maiores investimentos da festa, esteve à altura. Pena o vento, no Domingo, teimar em levar o fumo dos morteiros para a zona da ponte nova.

Milhares de visitantes chegam a Ponte de Lima de automóvel. As filas são inevitáveis e o estacionamento caótico, as principais entradas ficam simplesmente bloqueadas. Este ano, embora com algumas peripécias na sinalética vertical, o trânsito foi bem orientado. Claro que os principais prejudicados são os moradores, mas, para nós limianos, este fim-de-semana vale o sacrifício. Já para os visitantes… Era vê-los a desviar as barreiras para logo a seguir conseguirem estragar todo o trabalho dos responsáveis, aumentando o nível de stress dos que cumprem as regras.

As Feiras Novas parecem ter encontrado uma encruzilhada, um novo desafio. A Comissão de Festas terá que escolher o caminho a percorrer a partir de agora. Ou se aposta numas festas, com menos pessoas é certo, mas com uma componente marcadamente tradicional e popular, ou se aposta na integração das várias componentes que as Feiras Novas têm vindo nos últimos anos a reunir. A criação de guetos, uns para os que gostam de música gravada, por exemplo, e outros para os que não gostam, não é certamente a solução. A escolha tem que ser bem ponderada. A responsabilidade será posteriormente atribuída.

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