sexta-feira, setembro 29, 2006

Alto Minho artigo de 29-09-2006

Pergunta

Começar o artigo com uma pergunta é talvez um pouco estranho, no entanto, não resisto a fazê-la. Aquando das primeiras notícias na comunicação social nacional sobre a má qualidade das águas do rio Lima nas praias do Arnado e dona Ana, a Câmara Municipal asseverou que esta situação se devia a esporádicas descargas poluentes, prometendo, logo de seguida, uma investigação para descobrir o poluente ou os poluentes. Ora, como no mês de Agosto a interdição da praia do Arnado se manteve, parece ter havido bastante tempo e matéria para a investigação. Assim, surge a pergunta: quais são os resultados dessa investigação? Se não têm os resultados finais, agora que já começou o Outono, deveriam divulgar pelo menos os resultados provisórios. A este assunto deve a Câmara Municipal e o seu pelouro do ambiente dar toda a importância e prioridade possíveis. Ainda alguém se lembra da lenda do Lethes?

Veritas

Aos políticos deveriam impor que de tempos a tempos olhassem para o espelho. Não para se auto-elogiarem, ou admirarem, mas para se confrontarem com a sua persona bem como com a parte referente ao passado desta.

O que se tem vindo a passar na Assembleia Municipal é deveras lamentável e criticável. Das duas uma, ou um dos deputados municipais do PS, confrontado talvez com o ambiente da Assembleia Municipal, cede a cada reunião a uma possível amnésia perturbadora da sua clarividência, fazendo-o confundir os seus desejos com a realidade confirmada, inclusivamente, judicialmente, ou então o PS limiano embarcou no caminho da sua própria descredibilização ao tentar reescrever o passado (tique da velha esquerda estalinista). Imagino que não seja este o caminho traçado pelos responsáveis concelhios do PS. Aliás, admirava-me bastante que assim fosse. Como não o é, o PS limiano só tem um caminho, a retirada da confiança política nesse seu membro da Assembleia Municipal. Se o não fizer, é porque é conivente e, portanto, demonstra que, afinal, com este tipo de comportamento não é, de todo, alternativa ao actual poder.

Vindimas

Por causa do meu avô, Arlindo Gomes de Matos, irei sempre associar o fim de Setembro às vindimas. Mal vejo um tractor com as dornas, lembro-me logo do meu avô e de como, com ele e com o seu fiel amigo Sheik, assisti durante anos, nas minhas férias escolares, à vida anual do "fazer do vinho". A poda, a sulfatação, a vindima, o engarrafar do vinho... A vindima e a poda eram as minhas preferidas. A poda juntava uns senhores simpáticos que apareciam invariavelmente em grupo, montados nas suas velhas bicicletas. Sempre me fascinou o seu bailado com os escadotes e as tesouras, cortando e atando cirurgicamente os ramos da videira. As vindimas, para além de juntarem mais gente, homens e mulheres, tinham como ponto alto o almoço servido ao ar livre numa mesa grande, onde se juntavam todos os participantes que faziam desfilar várias estórias e histórias.

Nestes últimos anos, tem-se ouvido ciclicamente que as instalações da Adega Cooperativa de Ponte de Lima poderiam vir a ser deslocadas para outro local. Promessas que não encontram financiamento, finanças que não se compadecem com promessas. Infelizmente, ou não, a importância da agricultura na economia limiana já não é a mesma de há vinte anos. Em Ponte de Lima, tão afamada terra do vinho verde, a agricultura parece ter-se tornado cada vez mais um hobbie caro de exercer.

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