segunda-feira, novembro 06, 2006

Alto Minho artigo de 06-11-2006

Pedreiras

Quando se fala da problemática da extracção e transformação de pedra, em Ponte de Lima, geralmente fala-se das condições desumanas da actividade e também em alguns atentados ambientais. Na realidade, desde a década de 90 que se vem assistindo a alguns casos de verdadeiros atentados ao património de todos nós perpetuados por alguns exploradores da pedra com menos escrúpulos. Felizmente não é a maioria. Mas uma minoria que muito "dá nas vistas".

Não estão em causa as pessoas que vemos geralmente nas bermas da estrada das "pedras finas" e que exercem um dos trabalhos mais pesados do nosso concelho, em condições paupérrimas. O que está em causa é exploração selvagem de um recurso natural pertença de todos.

Este sector está dividido em duas partes, por um lado a da extracção, por outro a da transformação da pedra. O problema começa na extracção. Quantos são os que cumprem as licenças de extracção, os limites, as obrigações pós exploração, etc? Podem alguns tapar o sol com a peneira querendo limitar o debate à arte que sai do cinzel dos artistas, mas o que se vem a observar na Serra d'Antelas (para quem não sabe é aquele monte com aspecto de ter sido bombardeado junto ao monte de Santo Ovidio em Arcozelo) é a destruição do diamante que há anos tem alimentado várias famílias de Ponte de Lima. Por isto mesmo esta atitude não pode ficar impune, algo tem que ser feito.

Não é apenas a questão estética, como alguns gostam de alcunhar este assunto, que está em causa, é, acima de tudo, o património ambiental que todos temos, a responsabilidade de manter e preservar para os nossos descendentes o que está em causa. A exploração tem que ser regrada, aliás como manda a lei. O lucro fácil e ilícito de alguns não deve, não pode sobrepor-se ao interesse colectivo. Da mesma forma que os direitos laborais deverão ser respeitados (basta falar com alguns dos trabalhadores e não só com os patrões, para se encontrar uma realidade por vezes pouco clara), também as questões ambientais deverão estar sempre presentes.

O meu avô, Manuel Ferreira de Barros, foi um dos primeiros industriais da extracção de pedra (designação oficial da altura que em quase nada se coadunava com a realidade) e sei como a actividade era bastante regrada e inspeccionada. Várias eram as licenças, difíceis de obter, que tinham que ser cumpridas à risca. Infelizmente, hoje não parece ser assim e qualquer penedo que apareça no monte é logo bafejado com a sorte de levar com o martelo pneumático.

IKEA vrs. Jardins Temáticos

Comparar o investimento em Portugal da IKEA aos Jardins Temáticos de Ponte de Lima e ao seu possível impacto na economia limiana é pura fantasia retórica. Primeiro porque o IKEA não veio para Ponte de Lima, segundo porque é comparar o incomparável. Mas porque alguns incautos poderão pensar que os Jardins limianos trazem mais receitas para Ponte de Lima que o IKEA, talvez não seja mau escrever o seguinte.

Para os defensores da tese anterior, a boa imagem que os Jardins dão de Ponte de Lima são um pólo de atracção traduzindo-se numa mais valia tal para os comerciantes limianos que o investimento IKEA não conseguiria, certamente, ultrapassar.

Ora, na semana passada, o "Jornal de Negócios" trazia uma notícia onde se podia ler que o IKEA iria implementar três unidades de produção de mobiliário. O investimento, segundo o mesmo jornal, irá ascender aos 135 milhões de euros e irá criar 1.500 postos de trabalho directos e indirectos. A matéria-prima será 60% portuguesa.

Bom, o que são 1500 postos de trabalho comparados com a mais valia inerente à visita de um qualquer presidente de um clube de jardineiros da baixa Saxónia? Mais 1500 pessoas com um rendimento fixo de/a "fazerem" a sua vida em Ponte de Lima?

Realmente não se compara com os rendimentos que os visitantes dos nossos Jardins deixam no concelho limiano.

Serei eu um milhafre?

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