Vergonha na Assembleia
Realmente deve ter sido vergonha o que assolou a sala em determinada altura na última sessão da Assembleia Municipal de Ponte de Lima. Quando se iniciava a discussão do Plano e Orçamento, tinha começado a sua intervenção Manuel Pires Trigo, eleito do Partido Socialista, dá-se uma debandada quase geral dos membros da maioria. A retirada não parecia organizada. O ruído instalou-se e houve até quem jurasse que viu alguns membros em pânico. O motivo? Tinha começado uma das discussões mais importantes, "qui sait" a mais importante da Assembleia Municipal, e eles, provavelmente, nem tinham lido o documento em discussão... Ou então, talvez, ninguém lhes tivesse dado indicação do quanto esta era importante, apenas lhes terão dito, por ventura, que a votação é que importaria.
É lamentável a falta de respeito, a prepotência que a maioria CDS, bem como alguns representantes das Juntas de Freguesia, demonstraram nesta sessão da Assembleia Municipal. Esta auto-omissão na discussão do documento que traça o rumo do concelho no próximo ano demonstra o valor que dão ao cargo que desempenham. Será esta atitude representativa do respeito que estes eleitos nutrem pelos seus eleitores? No mínimo lamentável.
É inegável que o paradigma do poder autárquico precisa de mudar. Mas, enquanto não há coragem política a nível nacional para o mudar, seria bom que todos os eleitos fizessem por merecer a confiança que os eleitores lhes depositaram.
Mas disse-o
Campelo disse, em forma de repreensão às críticas da oposição na Assembleia Municipal, que o que se pôde ler na comunicação social sobre o seminário "Ponte de Lima, Terra Rica da Humanidade", se traduziu, no seu entender, em deturpações não contextualizadas de algumas afirmações suas. Não se pretendia um seminário virado para fora? Deturpações não contextualizadas? Rico resultado... Ah, pois... Eu também tive que trabalhar nesse dia e não pude assistir ao seminário, não posso então falar sobre isto, não é senhor Presidente...? Peço desculpa.
Só é pena o Presidente Campelo não ter tido "tempo" para explicar, na Assembleia Municipal, o que quis dizer com a comparação do sarrabulho ao IKEA. Ai... Peço desculpa, é verdade, já me esquecia que não estive lá, mais uma vez peço desculpa... Estes "perversos" jornalistas fazem-nos fazer cada figura ridícula...
Campelo continua um mestre no que concerne à retórica, às técnicas argumentativas e até à demagogia, mas isso já produziu os seus resultados noutro tempo, há muito tempo. Os tempos são outros, as necessidades dos limianos são outras. O que se quer são respostas aos muitos problemas que assolam a vida de todos nós no nosso concelho. Pensa o Executivo que Ponte de Lima poderá ter futuro se recusar a industrialização, a actual e não a do século XIX, que o Presidente Campelo referiu na Assembleia?
Observações
A noite está fria, sente-se o manto vindo do rio atingir as casas, o nevoeiro dá um ar cinematográfico à rua. Ouve-se uma gota escorregar no telhado. É o orvalho. O cookie espreguiça-se junto ao aquecedor ignorando o piar do pássaro nocturno que teima em escolher o velho carvalho vizinho como poiso. O silêncio é interrompido pelo som de passos leves, mas determinados, percorrendo a velha rua. Adolescentes em férias de Natal no regresso de uma "noite". O sino ecoa, primeiro um, depois outro e ao longe ainda outro. Há coisas que não mudam. Ainda bem.
Boas festas.
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