terça-feira, março 06, 2007

Alto Minho artigo de 06-03-2007

Mercado Municipal

Desde o princípio do século XX que os limianos viviam com o edifício do Mercado Municipal, umas vezes com maior actividade outras com menos, mas todos, de todas as freguesias, conheciam o Mercado. Durante anos fomo-nos habituando aos comerciantes, alguns ainda se lembrarão do “Conacha”, por exemplo, e das lojas de flores, das peixarias, dos talhos, das lojas de frutas… Várias foram as gerações da mesma família que labutaram lá. No final do século XX principio do XXI, a Câmara Municipal de Ponte de Lima decidiu fazer obras de intervenção no edifício. Mas, o que parecia uma intervenção de requalificação, transformou-se numa obra de descaracterização do espaço. Apesar do novo edifício que lá nasceu, perdeu-se toda a componente humana. Os lojistas quase que desapareceram, e os cheiros da fruta, das flores, o aroma próprio, tão querido em outras paragens, foram descartados pelos valores astronómicos pedidos pelas novas lojas e pela nova visão que a Câmara tinha para aquele espaço.

A verdade é que, após pouco mais de um ano, já se previa onde a “nova visão” iria levar. Na altura, o novo edifício era ocupado, em parte, por animais vadios que conspurcavam o espaço, o mercado propriamente dito, o de sábado, era uma visão daquilo que já tinha sido. A tal defesa do mundo rural, tão propagada por alguns políticos, foi ali exposta na sua mais cruel realidade…

A aposta cultural não passou de uma tentativa, tendo apenas o concelho ganhado um espaço, sem grandes condições, para a realização de esporádicos e pequenos concertos de musica, funcionando como que uma discoteca improvisada.

Mercado Municipal… Onde está? Morreu e hoje pouco mais é que um edifício sem grande identidade local, onde alguns investidores abriram e fecharam lojas, lojas como todas as outras, longe, bem longe, do espírito que já lá um dia existiu.

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