Que heróis?
Numa das minhas actividades com os jovens discutiam-se os “heróis”, os que de alguma forma se destacaram pela sua actividade na sociedade. No debate, desafiaram-me para referir um “herói” que eu tivesse conhecido e, porque há pouco tempo tinha falecido, lembrei-me do monsieur Barthez, um simpático “avô” francês que eu havia conhecido e que tinha pertencido, na sua juventude, à resistência francesa, durante a segunda guerra mundial. Uma pessoa normal, que passava despercebida no meio de todas as outras, mas que em determinada altura da sua vida tinha colocado à disposição de todos o seu maior bem, para defesa da liberdade, a defesa do seu país. Os meus jovens interlocutores logo me advertiram que esse senhor não valia, porque não era conhecido. Era verdade, e, como eram jovens ligados à Igreja, lembrei-me dos Cardeais portugueses nomeadamente do Cardeal Saraiva Martins que disponibilizou a sua casa para que pudéssemos assistir de forma privilegiada à entronização do Papa Bento XVI, “Mas membros da Igreja não contam...” logo afirmaram os meus jovens interlocutores. Resolvi falar então do meu tema preferido, a política, e atirei o nome de Durão Barroso, o presidente da Comissão Europeia, para cima da mesa. Todos o conheciam, mas como se tratava de um político não consideravam que pudesse entrar na “categoria” em discussão. Pensei que com o cinema iria finalmente dar um bom exemplo e falei-lhes da vez em que me cruzei com o actor italiano Roberto Benini numa rua escura de Roma. “Esse não é daquele do filme cinema qualquer coisa…?” “Não” respondeu outro “É do filme a Vida é Bela” arrematando “ É uma seca…” Interrompi-o, tentando lembrar a história do filme e as lições de vida que se poderiam retirar de lá, mas, uma vez mais, de nada valeu. Pensei “É o futebol que vai salvar a situação… “. Recordei a emoção de conhecer o meu velho ídolo de infância, o eterno bota de ouro, Fernando Gomes. “Quem?” perguntaram logo. “Onde joga?” Confesso que ainda tentei explicar que já não jogava há anos, mas depressa desisti. Resolvi então pergunta-lhes quem é que afinal poderia entrar na categoria de “herói”. Alguém que fosse conhecido, alguém como um André qualquer coisa ou Joana não sei o quê que todos os dias entram em dose dupla nas suas casa numa série juvenil qualquer… Actores consagrados pela moderna visibilidade televisiva muito mais importantes que alguém que se distinguiu no seu “mester”
Valores
“Mês do Natal e da família. Mês das prendas e do Pai Natal (antes era a chegada do menino Jesus)”. Não sei a intenção por trás deste texto que aparece na agenda cultural da Câmara Municipal de Ponte de Lima dedicada ao mês de Dezembro, mas parece-me que espelhar o Natal em prendas e Pai Natal é no mínimo redutor. Não será esta uma visão deturpada de uma época em que os cristãos celebram a “vinda” de Jesus, e os não cristãos, até porque vivemos numa sociedade com base nos valores cristãos, celebram os valores (paz, harmonia, solidariedade, dadiva…) que esta personagem histórica incutiu na humanidade?
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