sexta-feira, janeiro 15, 2010

Artigo n'O Povo do Lima

A Zona viva

Noite húmida, chuveiros persistentemente fortes, frio penetrante, mas ruas cheias de calor humano, de pessoas divertidas a dar as boas vindas aos primeiros minutos de 2010. Uma das zonas mais típicas de Ponte de Lima, a das Pereiras, encheu-se de jovens e menos jovens que, sem receios, se divertiram na primeira das noites do ano.
O bairro das Pereiras, a dita zona da “rampinha” (nome retirado de um dos mais antigos bares da zona), é de facto uma referência na noite limiana. Claro que essa realidade se vai construindo à medida que a zona histórica se vai desertificando. São cada vez menos as pessoas que vivem no centro histórico, aliás, a própria proliferação de bares é incompatível com a ocupação habitacional a começar pelo ruído produzido pela actividade dos primeiros.
Devemos, no entanto, ter uma perspectiva global. Se a Câmara Municipal traçar um plano global para o centro histórico, onde se tente dividir por, digamos, sectores, talvez se consiga inflectir o abandono a que este está cada vez mais sujeito. Claro que isso não significaria que se voltasse ao bairro dos tecelões ou da judiaria, ou dos ourives, mas cada bairro poderia ser reactivado com a preponderância de um sector. Este plano deveria ter em conta as realidades particulares, e deveria ser mais no género de incentivo do que de imposição.
A aposta na revitalização, no restauro e na criação de habitação para os jovens e para os jovens casais essa, sim, deve ser uma das prioridades. A Câmara Municipal deveria ter no seu interior um gabinete de apoio a quem quisesse enveredar por um projecto que levasse à revitalização e à ocupação habitacional e não só comercial do centro histórico. Se não tem meios para criar um programa de incentivos, já seria uma grande ajuda se esse gabinete servisse como um género de “interface” entre proprietários e programas estatais, ou mesmo privados, possibilitando, por exemplo, o acesso a financiamento a custo zero ou controlado.
A polis existe enquanto centro, enquanto pólo de atracção de pessoas, se esses factores identificativos desaparecerem, a polis desaparece e passa a ser apenas um amontoado de pedras sem vida, sem grande sentido. É, de facto, um caminho longo, mas que deve ser percorrido com persistência.

Por mim, não!

Foi sem surpresa que assistimos ao desfecho da discussão do casamento homossexual. Os partidos de esquerda aprovaram-no, fazendo orelhas moucas a mais de 90 mil assinaturas que pediam um referendo. É por isso que defendo que o Estado deve interferir o menos possível na vida privada das pessoas, legislando o menos possível nestas matérias.
Quando votei nos deputados que me iriam representar, não votei para que decidissem por mim questões que dizem respeito à consciência. É lamentável que nenhum dos senhores deputados eleitos por nós se tenha dignado a fazer tão só um único encontro com os eleitores do distrito para sentirem a posição daqueles que lhes deram o mandato. Não posso deixar de realçar pela negativa a posição de Eduardo Martins, eleito nas listas do PSD, bem como da totalidade dos deputados do PS. O primeiro por votar contra a maioria do pensamento dos seus eleitores, votando favoravelmente as propostas mais radicais, os segundos por se sujeitarem à disciplina de voto imposta pelo seu partido quando se deveriam apenas sujeitar aos seus eleitores.

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