segunda-feira, setembro 12, 2011

Artigo no Novo Panorama

Sentir as Feiras Novas 

O meu primeiro interesse pelas Feiras Novas foi criado pelo meu avô Arlindo de Matos. Ainda o ouço dizer-me, “Quando chegarem as Feiras Novas, vamos comprar um garraninho”. 
Sim, era um interesse particular, mas quem não o teve… A verdade é que nunca consegui ver esse meu desejo satisfeito, quando as Feiras Novas “chegavam”, o meu avô não podia deixar o seu comércio, da festa pouco ou nada via, quanto mais ter tempo para se deslocar à alameda de S. João para cumprir a promessa que ia repetindo, ano após ano, sempre que o seu neto primogénito se portava bem. 
Lá pelos meus 13 ou 14 anos, depois de algumas economias e de um Verão passado na primeira galeria de arte de Ponte de Lima, a Casa do Castelo, lá me dirigi à alameda de S. João com a ideia de finalmente adquirir o “garraninho” de que o meu, então falecido, avô me falava. Claro que o dinheiro não era muito e o único garrano ao alcance mais parecia o pasto de incontáveis moscas que lutavam por um lugar nos pobres e salientes ossos do equino… 
Já aos 15 ou 16 anos, descobri outros interesses e prazeres que as Feiras Novas proporcionam. Desde as rusgas, o assistir ao fogo-de-artifício em pleno areal com os amigos, o início da tradição do pão com chouriço, que nesses dias tem um sabor especial, à partilha de um agasalho com a namorada que se recente do orvalho do final do Verão, aos incontornáveis “carrinhos”, e, acima de tudo, ao convívio com os amigos, com os conhecidos e com os desconhecidos. 
As Feiras Novas são actualmente a conjugação destes e de outros interesses que se vão descobrindo ano após ano, uns aprimorando-se, outros ficando a preencher o baú das nossas memórias desta que é a ultima grande festa do Alto Minho. Algures li que estas são umas festas que, apesar do programa, são essencialmente feitas pelo povo. Não poderia concordar mais. 
Deixo uma palavra de apreço a todos os que pertencem à sua comissão, a todos os que visitam Ponte de Lima nesse fim-de-semana e, acima de tudo, a todos os limianos que nesta festa sentem orgulho em mostrar todo o legado cultural e histórico que alicerçam a comunidade limiana.

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