segunda-feira, setembro 26, 2011

Artigo n'O Povo do Lima

Feiras Novas 2011

Com o final das Feiras Novas, chegam os balanços, uns positivos, outros negativos. Existe realmente um cada vez maior número de pessoas que se vai insurgindo contra as decisões que levaram ao actual estado da festa. É o cortejo histórico que em alguns pontos faz tábua rasa da História, é a falta de casas de banho, ano após ano, é a precariedade da segurança, é… 
Mas, sinceramente, não é sobre isso que neste momento me apetece escrever. Nestas Feiras Novas vi algo que, nestes tempos de dificuldade, parece ser contra natura. Vi inovação e empreendedorismo. Vi a “Maria de Ponte” e os seus arcos, criatividade da Madalena Martins, vi a “mascote das Feiras novas” da Ana Paredes. Estes são só dois exemplos de como a nossa cultura pode ser reinventada, naqueles objectos encontramos algo que nos une enquanto limianos, encontramos identidade. 
As Feiras Novas são isso mesmo, são o exponente máximo da nossa identidade enquanto comunidade. Ponte de Lima demonstra como poderá fazer frente a estes momentos de dificuldade, demonstra que é capaz de renascer não renegando os seus valores, mas afirmando-os.
Também nas festas concelhias, e noutros eventos como a Vaca das Cordas, se encontra um “concurso”, penso que informal, de decoração de montras. É interessante verificar como os comerciantes do centro histórico e mesmo dos arredores aderem a este “concurso”, investindo uma decoração alusiva ao evento. Embora seja uma avaliação subjectiva, penso não estar muito enganado se afirmar que nos últimos anos as “Galerias Pepe” têm vencido esse “concurso”. É que, para além da decoração propriamente dita, a mensagem e a informação que transmite enriquecem quem vai espreitando as montras. 
O comércio tradicional não está morto, vai-se adaptando, por vezes, infelizmente, de forma traumática, mas também com estas iniciativas que vão fazendo as delícias e cativando os seus potenciais clientes. Mais do que repetitivos discursos e anúncios políticos, nós, limianos, precisamos de motivação para transformar os nossos recursos e tradições em algo apetecido pelos forasteiros. 
As Feiras Novas são o exemplo de que conseguimos fazê-lo. Precisamos é de acordar, depois do feriado de terça-feira, olhar para o concelho e não nos resignarmos a sermos um dos concelhos com um rendimento per capita dos mais baixos do país e um dos concelhos com a taxa de desemprego mais alta do distrito. Não estamos fadados a esse destino, estou certo que se acreditarmos, se tivermos líderes capazes, com ideias e força para liderar conseguiremos traçar outro caminho.

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