Desde o final
dos anos 90 do século passado que a Rede de Bibliotecas Escolares, através do
Ministério da Educação, tem vindo a estabelecer protocolos junto dos municípios
no sentido de estes, através das suas bibliotecas municipais, garantirem o apoio
técnico e financeiro às bibliotecas escolares dos respectivos municípios.
Este apoio tem
dado origem um pouco por todos os concelhos ao chamado Serviço de Apoio às
Bibliotecas Escolares, o SABE. O de Ponte de Lima, como se pode ler na página
Web do Município, “tem como missão a fomentação de uma política coordenada de
aquisições, de apoio técnico especializado, de dinamização do empréstimo
interbibliotecas e de desenvolvimento de actividades conjuntas nas áreas da
promoção da leitura, da literacia da informação e da animação cultural no
concelho de Ponte de Lima”.
Acontece que
estes novos serviços de apoio às bibliotecas escolares têm tido um efeito
perverso para o funcionamento das bibliotecas públicas municipais. Criou-se a
ideia generalizada de que as bibliotecas municipais devem apoiar sobretudo os
estudantes. Mas deverá a biblioteca municipal deixar-se tomar por essa
progressiva escolarização deixando de fora a maior parte da população?
De facto, a
escolarização já tomou conta de parte dos serviços e actividades da biblioteca
municipal que neste momento mais parece uma biblioteca central das bibliotecas
escolares do concelho.
Pergunto ao senhor
Presidente da Câmara se sabe a percentagem de utilizadores adultos da
biblioteca? Estou certo que muito provavelmente será bastante baixa. E porquê?
Porque grande parte dos adultos não se revê nem encontra na biblioteca municipal
resposta às suas necessidades de informação.
Minhas senhoras
e meus senhores, quantas vezes já foram à biblioteca municipal por vossa
iniciativa?
Mais há mais
problemas. Por exemplo a orientação dos serviços para actividades meramente
recreativas, os fundos invadidos por documentos de qualidade duvidosa pese
embora de grande popularidade.
As bibliotecas
municipais não terão viabilidade enquanto não existir sustentação política e técnica
e pergunta-se, existe? Quem coordena a biblioteca? Quantos profissionais que lá
trabalham têm formação específica? Existem planos de formação e desenvolvimento
profissional? Onde está o plano estratégico, os indicadores de medida, os resultados?
Está na altura
de formular um novo plano que reforce o papel cultural, informativo e social,
que não passe apenas pela escola, mas que se dirija a outros públicos sem
interesse pelos livros, mas com necessidades de informação com a criação e
dinamização, por exemplo, de serviços de apoio ao cidadão e à cultura local,
como o serviço de informação à comunidade ou o fundo local, criação de serviços
de qualidade apoiados na internet e capazes de tirar partido das novas
ferramentas da chamada web social. Neste momento a biblioteca municipal nem
página Web tem ou será que a biblioteca se resume ao catálogo colectivo das
bibliotecas escolares?
A biblioteca
municipal tem que assumir a sua verdadeira função social. Para isso é preciso
vontade política de mudar o paradigma, para isso é preciso acção e não apenas
reacção.
Sem comentários:
Enviar um comentário