quarta-feira, maio 20, 2015

Porque a informação também é património

 (Artigo publicado no jornal Cardeal Saraiva de 12 de Maio de 2015)
Ponte de Lima é um concelho com forte apetência para o associativismo, com várias associações, colectividades, clubes, dedicados ao desporto, à religião, à cultura… Uma praxis de séculos. Algumas instituições são mesmo centenárias e vão passando pelo tempo com o voluntariado dos seus membros.
A informação produzida por estas associações (perdoem-me a generalização) é de importância extrema não só para a sua história e dos seus membros, mas para a história do concelho.
Os documentos produzidos pelas associações e a informação lá contida devem ser assumidos como património a preservar. Quem já passou por associações sabe que nem sempre foi assim. Por vezes, alguns caem na tentação e, ou por pensarem que dessa forma preservam a informação ou, simplesmente, porque a querem esconder, confundem os lugares que desempenham e tomam como sua a documentação produzida. São vários os exemplos, em várias instituições, de casos de documentação “desviada”. Felizmente, essa é uma prática cada vez mais em desuso. A preocupação com a memória futura começa a dar alguns passos. O problema é encontrar recursos para implementar uma política de preservação e quando se trata de instituições centenárias, normalmente possuidoras de um vasto património informacional, com peças por vezes frágeis, mais complexa se torna a preservação.
Esta foi uma das minhas preocupações enquanto dirigente da Irmandade de Santo António da Torre Velha. Felizmente, quer a minha equipa quer os próprios irmãos, em assembleia geral, perceberam a importância deste património, pertença da Irmandade. Uma vez que esta não possuía meios para, sozinha, executar uma política de preservação documental, procuramos parceiros.
O vereador da cultura de então, Franclim Sousa, procurando a reaproximação institucional entre o Município de Ponte de Lima e a Irmandade de Santo António da Torre Velha, percebeu a importância da preservação das espécies documentais e aceitou a proposta feita pela Irmandade para protocolar a colaboração entre esta e o Arquivo Municipal. O objectivo era claro, a digitalização dos documentos históricos da Irmandade de Santo António da Torre Velha, a sua preservação e disponibilização à comunidade limiana. Infelizmente, por diversos factores, como o afastamento do vereador da cultura após as eleições autárquicas de 2013, nunca nenhum documento chegou a sair dos arquivos da Irmandade. Ficou, no entanto, provado que, quando existe uma política de colaboração entre o município e as instituições ou associações, poder-se-á preservar parte importante da história do concelho. Para isso basta conjugar 3 factores, o desejo mútuo de preservação informacional, o respeito pela propriedade e, evidentemente, os recursos técnicos e humanos que a Camara Municipal pode disponibilizar através do Arquivo Municipal.      

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