(Artigo publicado no jornal Cardeal Saraiva de 4 de Fevereiro de 2016) |
Seria mais fácil…
Os meus amigos costumam dizer que tenho
uma costela quixotesca por gostar de política e ainda para mais por me “manter”
na política activa no concelho de Ponte de Lima. Vou-lhes respondendo que é
algo que não consigo explicar, que é algo endémico, que não posso olhar para o
lado quando vejo o meu concelho, o concelho dos meus (ascendentes e
descendentes) ser conduzido como se tratasse de uma coutada.
Confesso que nem sempre é fácil, seria
melhor estar calado, passaria mais despercebido, e por vezes até seria mais
vantajoso. Poderia simplesmente resmungar no sofá quando lesse no Cardeal
Saraiva uma qualquer notícia de como vão gastar mais 30% que o previsto no
açude com trabalhos a mais, mas não consigo. É a nossa comunidade, nós vivemos
aqui, não podemos deixar de participar, de ter consciência do que vai passando…
Realmente a culpa é da educação, das
leituras e vivencias que tive e tenho. Penso que até será algo que vai “contaminando”
os que vão estando ao meu lado. Talvez seja estranho, uma miúda de 9 anos, já
ter ouvido/visto vários discursos de Martin Luther King, querer ouvir/ver no
seu tablet o último discurso de Barack Obama em Selma, ou discutir com as suas
colegas qual o melhor candidato às presidenciais. Para a minha filha isso é normal.
Tal como para mim foi normal, com a sua idade, ter organizado uma caravana de
bicicletas que, enfeitadas com bandeiras, com um rádio pendurado debitando uma
cassete de slogans, percorreu o meu lugar a fazer campanha para a primeira
maioria absoluta do PSD.
A democracia não é apenas para quem se
diz imbuído dos valores de Abril. Os valores são valores, não são de Abril, da
República ou da Monarquia. Li algures que a democracia é neste momento uma
coisa de velhos. Nas eleições os votos que contam são os dos mais velhos, os
mais novos, esses, preferem a abstenção. Mas o que levará as pessoas a não
votarem? Talvez seja o facto de acharem que o seu voto não faz a diferença (são
todos iguais, dizem), talvez porque lhes vendem, como se fosse verdade, que a
política não vale a pena, que será, na melhor das hipóteses, para quem tem a
tal costela quixotesca, para quem gosta de lutar contra moinhos de vento.
Mas sabem que mais, vale a pena, e sim,
o voto de cada um de nós faz a diferença. Em democracia a escolha é das
pessoas, são os votos que decidem. Obama dizia que sim, nós podemos (mudar, crescer, melhorar, acreditar…), mas, caro
leitor, não basta podermos, temos que querer. Está o leitor disposto a querer?
Eleições internas
O PSD Alto Minho foi a votos e o
resultado foi expressivo, a liderança de Morais Vieira saiu reforçada tendo
sido reeleito por um número expressivo de votos. Eduardo Teixeira, apesar de
ter cerca de 186 votos de vantagem no distrito antes da contagem dos votos dos
militantes dos Arcos de Valdevez, acabou por perder por 230 votos. Em Ponte de
Lima os resultados foram claros, a lista de Teixeira obteve cerca de 129 votos
e a de Morais Vieira 24.
Estou certo que os vencedores saberão
por a sua vitória em prol da social-democracia e mais importante, ao serviço do
Alto Minho e das suas populações.
Soubemos há pouco da sua aposentação. Finalmente, depois de anos e
anos ao serviço dos outros, a dona Dores vai poder ocupar o seu tempo com
outras actividades. Todos os domingos os meus filhos perguntavam, “vamos comer uma
natinha à dona Dores?”. Simpaticamente e pacientemente a dona Dores, da
Havaneza, atendia os seus desejos de crianças. É um exemplo de trabalho e
dedicação à casa que servia e em especial aos seus clientes. A história de
casas como a Havaneza de Ponte de Lima faz-se assim, de pessoas que conhecem os
gostos de gerações de clientes como se fossem os seus.
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