segunda-feira, dezembro 28, 2015

Sim, isto é apoiar o emprego

(Artigo publicado no jornal Cardeal Saraiva de 18 de dezembro de 2015)


A próxima Assembleia Municipal de Ponte de Lima será uma maratona com uma ordem do dia com 31 pontos. A maioria destes são propostas de reconhecimento do interesse público municipal na regularização de instalação industrial ou pecuária. Uma medida do governo PSD/CDS que permitiu, durante uma ano, de forma excepcional, quer a regularização de estabelecimentos e explorações quer a sua alteração ou ampliação.

Passamos o tempo a dizer que há pouco emprego no nosso concelho, dizemos que é necessário apoiar os empresários, apoiar a iniciativa privada. Passamos o tempo a dizê-lo porque, de facto, continuamos a viver num concelho pobre, com fraco tecido empresarial e industrial, com um dos poderes de compra mais baixos da europa. Como o que se fala deve coincidir com o que se pensa, estes pontos, de reconhecimento do interesse público municipal, que agora vão a discussão no próximo sábado, dia 19, deverão ser aprovados.

O que a Assembleia irá “decidir”, como a Câmara Municipal já o fez, é se considera que a actividade do proponente é “importante” para o concelho ou não. No fundo, se os postos de trabalho devem ser mantidos e a legislação respeitada.

Não se pense, porem, que é um cheque em branco, ou que se está a encobrir alguma ilegalidade existente, não. Se querem a legalização, esses empresários, essas explorações terão que cumprir com toda a legislação inerente à sua actividade, o que, decerto, irá contribuir para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, o desempenho ambiental e a competitividade. As entidades competentes, que de seguida tomarão conta do processo, serão exigentes no estrito cumprimento de um conjunto de requisitos legais. Só assim estes processos chegarão a bom porto.

Infelizmente esta “porta” que se abriu, pelo menos aqui por Ponte de Lima, apenas peca por ter sido pouco divulgada. O Decreto-Lei nº 165/2014 estipulou um ano de aplicação desta possibilidade excepcional. Esta é a última Assembleia Municipal ordinária em que se poderá aprovar o Interesse Público Municipal para estre tipo de processos. Nesta reunião serão discutidos e votados apenas 14 casos, ao longo do ano não terão sido apresentados meia dúzia.

Todos nós conhecemos a realidade do concelho, ou pelo menos deveríamos conhecer, e é sobejamente pouco, muito pouco. Poder-se-ia ter feito mais, o município deveria ter olhado para este processo de outra forma, deveria ter sido mais activo no incentivo à adesão. Não o fez, e até nem seria nada de extraordinário, bastaria, por exemplo, ter feito parceria com a Associação Empresarial de Ponte de Lima.

Sinceramente não consigo pensar neste assunto de forma negativa, muito menos consigo imaginar o que levará alguém a votar contra com argumentos de falta de hábitos democráticos... Não acredita que isso aconteça? Então sugiro, caro leitor, que leia a acta da reunião de Câmara do passado dia 7 de Dezembro e verifique o sentido de voto e respectiva declaração do vereador do Movimento 51.


Estamos a falar da vida das pessoas, estamos a falar na vontade dos empresários em cumprir a legislação, em se legalizarem, em manterem os postos de trabalho que criaram. Vamos dizer que não?

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