(Artigo publicado no jornal Cardeal Saraiva de 19 de Novembro de 2015)
Se
visitar a página web do município de Ponte de Lima (http://www.cm-pontedelima.pt/ver.php?cod=0T0H0E) descobre que a mais populosa freguesia
do concelho de Ponte de Lima, Arcozelo, ainda não consta na “Toponímia das
Freguesias”. Algumas pessoas envolvidas no processo de Arcozelo queixam-se das
"forças de bloqueio" existentes dentro da estrutura responsável pela
toponímia da Câmara Municipal.
O leitor
sabe quem são essas pessoas ou de que estrutura estamos a falar? Alguns falam
numa Comissão de Toponímia, mas se o leitor, tal como eu, procurar na página do
município, nada vai encontra sobre esta suposta comissão. Se ainda existe, nada
sabemos sobre ela, quem dela faz parte, as suas competências. Outros falam de parecer
de técnicos da autarquia. Quais técnicos? Ainda temos presente as críticas que
o falecido Padre Dias fez aos “invejosos”, numa entrevista em 2012, ao jornal
Novo Panorama, a propósito da sua passagem pela Comissão de Toponímia.
A
importância da toponímia na vida de todos nós é inegável, imaginem só o que
significa, neste mundo de interoperabilidade de base de dados, não ter, por
exemplo, a morada correcta no cartão de cidadão. Confusões devem ser evitadas a
todo o custo. É por isso que vou partilhar com o leitor o seguinte caso que se
passa num dos mais icónicos e históricos arrabaldes de Ponte de Lima, a Além da
Ponte.
A Além da Ponte está (tradicionalmente e auxiliando-me
apenas da memória) dividida entre o Largo Alexandre Herculano,
Trás-os-Palheiros, Avenida Conde da Barca, Largo da Freiria, Caminho das
Regadas, Rua Manuel Lima Bezerra, Largo da Alegria, Rua Francisco Maia e Castro.
O caso centra-se entre os largos da Alegria e o Alexandre Herculano.
Até há bem pouco
tempo, e se perguntar a qualquer um dos antigos habitantes d’Além da Ponte é
essa a resposta que vai obter, o largo Alexandre Herculano era o largo onde
desemboca a ponte romana, o largo da Alegria era o largo imediatamente a seguir,
se o leitor virar à esquerda vindo da ponte. Na página do município, se o
leitor procurar o Albergue dos Peregrinos, logo verifica que a morada do mesmo
é no largo Alexandre Herculano (http://www.cm-pontedelima.pt/alojamento.php?id=71). No entanto, se, na mesma página, procurar o Museu
do Brinquedo Português (http://www.cm-pontedelima.pt/ver.php?cod=0M1B) logo fica a saber que este se encontra no largo da
Alegria. E qual é o problema? Bem, o problema é que estas duas valências
funcionam no mesmo edifício, numa antiga casa comprada e reformulada pelo
município.
Esta confusão adensou-se
quando o município resolveu comprar mais dois edifícios no mesmo largo
(Alexandre Herculano) reformulando-os e disponibilizando-os para exploração
hoteleira. Aquando da inauguração desse novo hotel ficou a saber-se que este,
fronteiro ao Albergue dos Peregrinos, ficava no largo da Alegria. A isto
acresce-se o facto, no mínimo estranho, da inexistência de placas de toponímia
exactamente nos locais que despertaram esta confusão, quando existem nas outras
artérias e largos (excepção feita à rua Manuel Lima Bezerra).
Questionei o senhor
presidente da Câmara, Vitor Mendes, em reunião de Abril de 2014 (http://nunodematos.blogspot.pt/2014/04/intervencao-na-reuniao-da-assembleia.html) sobre esta confusão, e da razão da falta de placas
de toponímia. Afirmou não ter conhecimento do problema, mas que iria questionar
os serviços. Passado mais de um ano, o problema subsiste, a toponímia de
Arcozelo continua num impasse e casos como o descrito anteriormente mantêm-se.
Os anos vão
passando, este tipo de situações vão-se mantendo até que alguém,
independentemente dos grupos, das reuniões, num obscuro gabinete, irá, sozinho,
decidir. De quem é a culpa? Nossa, quando nos calamos e não exigimos mais dos
que escolhemos para exercer o poder político.
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