(Artigo publicado no jornal Cardeal Saraiva de 17 de Março de 2016) |
“O amor social expressa-se na actividade
política para o bem comum” – Papa Francisco
Podíamos
até olhar para os exemplos fora das nossas fronteiras, mas basta olhar para
Marcelo Rebelo de Sousa, ou para os exemplos de presidentes de Junta que a SIC
deu a conhecer numa série de reportagens. A política, os políticos, a forma de
exercer os cargos mudou. Hoje são necessários políticos de proximidade, que não
tenham barreiras, que saibam partilhar e envolver as pessoas na sua actuação.
Hoje, mais que nunca, é necessário apostar na abertura e transparência. São
necessários líderes que o sejam pelos seus actos, pelo seu exemplo.
Olhemos
para o nosso microcosmo, para o nosso concelho de Ponte de Lima. O que vemos?
Precisamos
de representantes autárquicos que percebam que estão ao serviço das suas
populações. Que pensem o concelho como um todo. Que mantenham a boa saúde
financeira mas que a ponham ao serviço das necessidades dos seus munícipes. Que
actuem para lá do imediato, da conveniência comunicacional. Que saibam
trabalhar/dialogar com os outros agentes políticos, sociais, económicos.
Nem acredito…
Vi,
incrédulo, a mais recente acção de marketing da maioria na Câmara Municipal de
Ponte de Lima, a assinatura do auto de
consignação da empreitada de "Alargamento
da Atual Rede de Esgotos - Saneamento de Refoios - 1.ª fase”, que teve
até direito a fotografia, com crianças e tudo… Será que não percebem que isso
só seria normal se ainda estivéssemos nos anos 80 ou 90? Estamos em 2016, em
pleno século XXI, o melhor era fazer a obra rapidinho e de forma a esconder a
vergonha de serem os responsáveis pelo facto da rede de esgotos de Ponte de
Lima ser das mais ridiculamente baixas, com uma cobertura na ordem dos 46% da
população.
Futuro? Só com criação de emprego
O
leitor não precisa de ler as estatísticas que nos dão um lugar vergonhoso no que
respeita ao poder de compra. Não precisa porque sente no seu dia-a-dia, porque
fala com os amigos que vivem fora e percebe, por exemplo, que embora a Câmara
Municipal prescinda da taxa de IRS dos seus residentes e que esta nos seja
devolvida sob a forma de dedução à colecta, esta boa medida, não compensa os
baixos rendimentos ou o facto de estes ficarem na estrada ou nos transportes
públicos que usamos para podermos trabalhar.
Alguém
percebe como um concelho como o de Ponte de Lima, com todas as suas
potencialidades, estruturas viárias, proximidades, mantenha como maior
empregador a Câmara Municipal? Como podemos nós viver sem um tecido empresarial
forte? Que incentivo/atractividade tem um jovem limiano para se fixar em Ponte
de Lima? Onde estão as políticas de captação de emprego?
Este
é o tempo de outras políticas, outros protagonistas, é o tempo das pessoas. Precisamos de
alterar o paradigma, romper com este tipo de governação anacrónica que continua
amarrada basicamente ao conceito do concelho rural, do concelho que tenta viver
do turismo agarrado em exclusivo aos produtos endógenos. São pontos
importantes, sem dúvida, mas não podemos ficar por aí, é tão redutor. No fundo
parece que Ponte de Lima é um concelho que não consegue abraçar o futuro de tão
amarrado a um idealizado, mas nem sempre verdadeiro, passado.
Não
vale a pena começarem a protestar, o que escrevi é blasfémia? Não, não é, temos
orgulho do nosso passado mas este deve servir de carburante para o futuro.
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