domingo, março 06, 2022

Alto Minho, artigo de 02-03-2022

 Qual “mas”

Ao olhar para a folha branca onde escrevo estas linhas a vontade é preenche-la com os pensamentos que me tem assolado ao ver as imagens perturbadoras que chegam da invasão que a Russia leva a cabo na Ucrânia. Este espaço é para dar uma visão sobre a nossa região deixando para outros espaços a opinião, a crónica sobre outros assuntos. Não posso, no entanto, deixar de escrever que face ao que podemos ver não consigo perceber aqueles que dizem “sou contra esta guerra, mas…”. Qual “mas” ou meio “mas”, esta é uma invasão de um país independente que tem direito à sua autodeterminação e nada há que justifique, e não venham com coisas do passado porque nesse ninguém é inocente, mergulhar um povo numa guerra. 


Pregos na democracia


Todos temos a responsabilidade de, no nosso dia a dia, nas nossas responsabilidades, construir uma sociedade democrata. É por isso que não é possível ficar indiferente quando membros do CDS-PP e do movimento Ponte de Lima Minha Terra, eleitos para as mais pequenas “células” da nossa democracia portuguesa, as Assembleias de Freguesia, se ausentam das reuniões porque não aceitam a presença de jornalistas nas mesmas. Não é possível manter o silêncio quando na freguesia de Calvelo, em Ponte de Lima, esses membros, 6 meses depois, ainda não conseguem encontrar um ponto de encontro com a lista vencedora para que seja possível formar o executivo da Junta de Freguesia. Ao invés de colocarem o seu orgulho ferido de parte e encontrar uma solução de governo para sua freguesia optam por inviabilizar mais uma reunião, para onde foram eleitos pelos seus concidadãos, por não querem que a comunicação social traga a publico essa inaptidão. 





O quarto poder


Uma democracia forte tem uma comunicação social forte, interpelativa, independente e insubmissa. Pedro Ligeiro, membro eleito do PSD na Assembleia Municipal de Ponte de Lima, fez uma proposta de recomendação bastante interessante. Atendendo à tradição que remota pelo menos aos meados do século XIX da existência de muitos títulos  de imprensa nascidos em Ponte de Lima, propôs a criação de um Museu da Imprensa Limiana. Um espaço abrangente e pedagógico, onde á concentração do variado espólio documental se junte as velhas rotativas, maquetes e letras de tipografia que alguns particulares ainda conservam. Um bom desafio para a Câmara Municipal criar, no fundo, um espaço da memória coletiva limiana.


Por falar em desafio


O líder distrital do PS já afirmou que o casamento com o movimento Ponte de Lima Minha Terra terminou e até já tem data marcada para assinatura do divórcio. A sua nova coordenadora, Zita Fernandes, para além ter a responsabilidade de manter o movimento vivo, não pode manter o silêncio quando eleitos seus assumem posições e atitudes como a de Calvelo ou como em Arcozelo, onde os eleitos do PTLMT teimam em empolar os valores orçamentados das receitas da Junta de Freguesia ao não separar o orçamento da Junta de Freguesia do dos Baldios como, aliás, dispõe a Lei. 

Para quem nasceu e transmitiu uma mensagem de diferença face ao poder e aos partidos, ter depois, na pratica, os seus eleitos a ter posições e atitudes do que de pior se encontra na acção política no exercício da causa pública será fatal.