Rivalidades
No passado domingo, viveu-se no Campo do Cruzeiro o que os especialistas do futebol apelidam de derby, a AD “Os Limianos” enfrentou a ADC da Correlhã. O clube do concelho de Ponte de Lima enfrentou o da freguesia da Correlhã, que conta um historial desportivo dos mais relevantes. Não, caro leitor, não vou fazer comentários desportivos, deixo isso para quem percebe, apenas vou dar-lhe a conhecer a minha experiência no proclamado “derby”.
Foi lendo e ouvindo a opinião de algumas pessoas de como o jogo poderia ser duro, não para os atletas, que, pelo que foram dizendo nas redes sociais, assumiam o momento com a seriedade e serenidade de qualquer jogo, mas para a assistência. A “rivalidade”, os sentimentos bairristas, a eterna luta de David contra Golias… Fui para o jogo com um misto de expectativa e apreensão de como seria o ambiente. Sentir-se-ia a tensão no ar? O ambiente estaria de tal maneira pesado que bastaria um qualquer micro incidente para tudo descambar?
A chuva miudinha não dava tréguas, os automóveis já estacionavam a uma boa distância do Campo do Cruzeiro. Vários grupos de pessoas dirigiam-se para o campo e a fila formava-se junto ao portão de entrada. Chego um minuto depois do inicio do jogo e, para meu espanto, apesar de existirem espaços demarcados para os adeptos da casa nas bancadas cobertas e o dos visitantes ficar numa zona sem cobertura, os adeptos visitantes encontravam-se misturados com os da casa na bancada coberta. Alguns até envergavam as camisolas do seu clube na zona reservada aos sócios da casa. Vejam lá, caros leitores que até jogadores das camadas jovens dos dois clubes, com equipamentos/fatos de treino dos respectivos clubes, dividiam as cadeiras nas bancadas!
E a tensão, a rivalidade? Essa viveu-se no campo, como em qualquer jogo, e nas bancadas com as palmas e os gritos de apoio habituais. Prevaleceu o respeito dentro e fora de campo. E o resultado? - perguntará o leitor. Esse foi favorável a “Os Limianos”, mas isso é o menos importante perante o exemplo que quer os adeptos visitantes quer os da casa deram. Ficou provado que se pode assistir a um bom espetáculo desportivo sem ter de se viver numa espécie de campo de batalha.
A realidade
Num canal nacional, em horário nobre, foram transmitidas imagens da Assembleia Municipal de Caminha. Bem sei que estes tempos, por causa dos políticos, têm sido de má memória para as pessoas de Caminha, mas essas imagens são apenas um exemplo do que se vai passando em várias Assembleias Municipais ou de Freguesia do país. Presidentes que se acham todo-poderosos, embora, por vezes, nem saibam colocar uma proposta a votação, quanto mais dirigir uma reunião! Membros que gastam horas em discussões regimentais ao invés de discutirem o essencial para o concelho/freguesia.
É por isso que a transmissão ou a disponibilização das gravações das reuniões deveria ser obrigatória. Era bom para a abertura, para a transparência e escrutínio dos eleitos. Talvez deste modo estes se preparassem melhor para exercer o elevado cargo de representar quem neles votou.