Onde estão os amigos?
Olhando à situação do ex-secretário de Estado, Miguel Alves, tenho-me questionado se não terá amigos. Sim, amigos daqueles verdadeiros que não fazem parte da política, mas da vida normal.
Há muitos anos, tive o privilégio de conhecer um veterano de instituições internacionais. Conhecemo-nos melhor num dia em que um amigo comum tomava posse num cargo de grande responsabilidade regional. No meio da conversa, disse-me, num tom de voz solene, que nós, os amigos, é que temos a grande responsabilidade de assegurar que os que assumem posições de serviço mantêm os pés na realidade. O normal é, com o andar do tempo, passarem a viver numa bolha, logo só quem lhes pode dizer tudo com verdade, olhando-os olhos nos olhos, é que conseguirá trazê-los de volta à realidade.
Nesta altura, pergunto-me: Onde estiveram os seus amigos?
Será hipocrisia?
Neste momento, quase todos em Portugal criticam Miguel Alves, o empresário e mesmo o primeiro Ministro. A verdade é que nada do que agora se critica era desconhecido, pelo menos em Caminha e no Alto Minho. É consultar, por exemplo, as páginas deste jornal do ano de 2020 onde se pode verificar como a líder da oposição, Liliana Silva, criticou o negócio e os vários comunicados da oposição a denunciar a situação. Muitas das pessoas que agora se indignam, nessa altura não o fizeram. Miguel Alves até voltou a ganhar as eleições de 2021.
Esta é uma das maiores dificuldades que os que se sentam na oposição enfrentam. Mesmo quando conseguem explicar localmente as razões das suas posições ou denunciar situações menos claras, as pessoas não as valorizam.
Será que a gravidade dos casos aumenta por passarem a ter visibilidade nacional? Nós, os eleitores, não deveríamos precisar desse mediatismo nacional para nos indignarmos, para exigirmos responsabilidades. Será hipocrisia, subserviência ao poder? Será que só reagimos quando sabemos que o poder se esvaiu?
Nos países de cultura anglo-saxónica, existe a “tradição” do escrutínio direto dos eleitos. Estes têm de dar contas em reuniões comunitárias, onde os seus eleitores os confrontam com os problemas, com as noticias, com as posições por eles tomadas. Por cá, infelizmente, a prática é de apenas participarmos nas eleições e, mesmo nessas, em cada vez menor número.
É preciso estar mais atento à comunicação social regional e local, apoiá-la, participar nas reuniões dos orgãos políticos, exigir mais aos nossos eleitos.
Armistício
Completaram-se, no passado dia 11 de Novembro, 104 anos do armistício que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. Por cá, o núcleo da Liga dos Combatentes de Ponte de Lima assinalou o dia depositando uma coroa de flores junto do monumento aos combatentes limianos que tombaram nas guerras do século XX.
Esta é uma data que deveria estar na memória de muitas famílias limianas, foram muitos os limianos que partiram para França. Muitos não voltaram, mas, graças ao armistício, muitos outros voltaram e puderam constituir família.