domingo, dezembro 11, 2022

Alto Minho, artigo de 07-12-2022

 Baldios de Arcozelo



Em 1995, os compartes dos baldios da vila de Arcozelo decidiram delegar no executivo da Junta de Freguesia a gestão dos mesmos. De acordo com a lei dos baldios de 2017, essa delegação deveria ter sido retificada, porém não foi. 

Li com atenção a notícia sobre a reunião dos baldios da vila de Arcozelo convocada por um grupo ad-doc. Achei interessante que o actual presidente da Junta da vila de Arcozelo tenha afirmado nessa reunião que “os orgão existem e foram eleitos democraticamente”. É interessante porque desde pelo menos 2018 não existiu nenhuma reunião dos compartes muito menos electiva. Há anos que não são apresentados os planos e orçamentos e muito menos as contas. Interessante porque, quando apresentaram nos últimos anos os planos e orçamentos e as contas da Junta de Freguesia, existiram votos contra, entre outras razões, precisamente por juntarem nesses documentos valores e rubricas referentes aos baldios.

Não deixa de ser engraçado ler as acusações feitas pelo presidente da Junta de Arcozelo tentando menorizar o grupo que convocou a reunião, acusando-o de ser afeto ao PCP. É engraçado porque ele, embora eleito pelo movimento Ponte de Lima Minha Terra e exercendo, atualmente, a presidência da concelhia do PS, ainda há dois ou três mandatos foi eleito na Assembleia de Freguesia de Arcozelo pelo PCP. Durante anos foi o rosto em várias posições dos comunistas, precisamente sobre os baldios, onde defendiam, espante-se, a separação de contas e convocatória de eleições para a Comissão de Baldios. 

Caro leitor, já escrevia Luis Vaz de Camões “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança”. Terminamos por aqui a citação porque o resto do poema, infelizmente, já não se aplica.


Indignação


Por força da queixa enviada pela vereadora (suplente) do PSD, Felismina Barros, ao Ministério Público, ficamos a saber que a compensação financeira que as Águas do Alto Minho deram aos seus clientes, entre Abril e Dezembro de 2021, para atenuar o descontentamento e restabelecer a confiança perdida pelos vários erros nas cobranças e quebra na qualidade dos serviços prestados ia ser agora cobrada a esses mesmos clientes. Passada a contestação, que teve o seu auge em pleno ano de eleições autárquicas, eis que a empresa demonstra mais uma vez uma completa falta de respeito pelos seus clientes. 

Foi graças à auditoria da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, fruto de uma atuação política e cidadã, que esta injustiça foi travada. Talvez seja assim, sem receios, sem tibiezas, ao serviço, que a alma social-democrata do concelho renasça.