Do aparente medo dos políticos… a uma eficaz operação de marketing
Por Ponte da Barca, os políticos, aparentemente, assustaram-se com a novidade de os andores dos padroeiros das 17 paróquias do concelho não integrarem a procissão das festas de São Bartolomeu. Vai daí e, não fossem eles serem vistos como os responsáveis, no dia do arranque da romaria, tornaram pública uma carta enviada ao bispo da diocese de Viana do Castelo, D. João Lavrador, onde solicitavam a sua intervenção para reverter a decisão dos párocos e do arcipreste de Ponte da Barca. Pelo que, entretanto, foi tornado público, a Associação Concelhia das Festas de São Bartolomeu já sabia da decisão há muito. Embora manifestando o seu desagrado, respeitou a decisão dos párocos, que este ano optaram por quadros relacionados com as Jornadas Mundiais da Juventude, tendo, no dia 24 de julho, na apresentação do programa das festas, referido essa alteração sem, nas palavras do seu presidente, qualquer reação.
A carta da autarquia aparenta vir mais da necessidade de “lavar as mãos” perante os responsáveis políticos das freguesias do que de uma real tentativa de reverter a situação. Esperaram pelo início da romaria para, no fundo, publicamente, incitar o bispo de Viana do Castelo a desautorizar os párocos do arciprestado barquense. A sério!?
Menos mal que todo este “barulho” resultou no que aqui o “Alto Minho”, na edição da passada semana, resumiu na primeira página, “Cortejo de S. Bartolomeu enche Ponte da Barca”. Na procissão saíram apenas os andores associados à paróquia da vila, os de São Bartolomeu, São João, Nossa Senhora de Fátima, Senhora da Misericórdia e São Marçal, registando-se, no entanto, um recorde de jovens a integrar a procissão.
Finalmente
Em 2017, o então vereador do PSD no executivo municipal de Ponte de Lima, Manuel Barros, propôs que fosse criada uma área de proteção à ponte medieval. Uma proposta em consonância com o que tinha vindo a ser defendido pelo referido partido, em Assembleia Municipal, por forma a dar os primeiros passos para regulamentar e limitar o estacionamento no areal.
Infelizmente, na altura, nenhuma das propostas foi acolhida. Mas, eis que o actual presidente da Câmara de Ponte de Lima, Vasco Ferraz, uma vez mais livre de preconceitos, avançou como a referida área de proteção, alargando-a ao espaço fronteiro com o leito do rio. A decisão trouxe uma ou outra critica, é normal, mas é certamente uma decisão no sentido certo e que, após algum tempo, será vista consensualmente como fundamental para a manutenção do equilíbrio do maior ex-libris do património arquitetónico de Ponte de Lima.
Proposta do PSD de 2017 |
A “placa tectónica” do centro direita moveu-se
Permitam-me sair dos temas destas crónicas, os regionais, para escrever uma nota sobre os assuntos que nos últimos tempos têm marcado a agenda mediática nacional.
O centro direita português parece estar a acordar do longo sono em que parecia mergulhado. Primeiro, foi um mais interventivo Marcelo Rebelo de Sousa que obrigou o governo a rever o diploma da carreira dos professores e que vetou o infame pacote “Mais Habitação” com reparos muito duros. Posteriormente, foi Luís Montenegro a marcar a agenda com várias propostas de redução do IRS, apanhando todos de surpresa, o que ampliou ainda mais a mensagem. Agora, quando faltam cerca de 30 meses para as eleições presidenciais, bastou a Marques Mendes, ex-ministro do governo de maior relevância no crescimento e transformação do país, ex-presidente de um dos maiores partidos nacionais, que, nessas funções, preferindo perder eleições a dar cobertura a suspeitos de corrupção, teve a coragem de afastar das listas desse partido “dinossauros autárquicos”, afirmar, no seu espaço de comentário televisivo semanal, estar disponível para se candidatar a Presidente da República, se daí advier utilidade ao país, para logo as televisões, rádios, jornais e redes sociais transformarem o assunto “presidenciais” em “O” assunto do momento.
Reagindo, uns tentam desvalorizar ou ridicularizar, outros demarcam-se ou não comentam, mas a verdade é que já não se assistia a um “movimento tectónico” como este há muito tempo.