domingo, setembro 17, 2023

Alto Minho, artigo de 13-09-2023

Feiras Novas

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Não, caro leitor. Se está à espera que escreva sobre estéreis polémicas ocorridas nas redes sociais no início das festas de Ponte de Lima, por favor, passe para o tema seguinte. Não o faço porque, na minha opinião, as festas maiores do concelho limiano precisam de uma profunda reflexão e não de polémicas. 

O modelo seguido nas últimas décadas, por vários factores, esgotou-se. O que temos tido nos últimos anos é a tentativa de remediar esse esgotado modelo na ânsia de o manter, mas com resultados, visivelmente, cada vez mais constrangedores.  

Precisamos de olhar para as festas criticamente, perceber o que é essencial e o que é acessório. Ouvir as forças vivas do concelho, dos dirigentes políticos às associações, e criar um novo paradigma que faça as nossas maiores festas retomarem o estatuto de serem realmente a festa dos limianos e para os limianos, mas que os visitantes tanto gostam de viver. 

 

Preservar a memória


Os fotógrafos profissionais, aqueles com estúdio aberto, que com estudo e prática desenvolveram a arte de fixar o momento, durante anos estiveram presentes nos momentos mais importantes das nossas vidas. Das mais significativas cerimónias religiosas, passando pelas fotografias para os bilhetes de identidade ou para os cartões de estudante, estiveram sempre por perto. Como tantas outras coisas e actividades que nos parecem garantidas, com o advento da era digital, quase desapareceram. 

Não sei se se dão conta, mas os espólios dos estúdios fotográficos são espaços onde podemos encontrar retratada a nossa comunidade, a nossa terra. As maneiras de vestir, os usos e costumes. Por norma, esses profissionais, para além dos “retratos”, fotografavam com mestria e conhecimento os eventos que marcavam a comunidade. Nos espólios não vamos, de certeza, encontrar apenas cerimónias religiosas, estarão lá as civis, as festas populares, paisagens e locais já desaparecidos e “retratos” de tantos que “nos” fizeram.

É neste contexto que os poderes públicos, municipais, devem ter a coragem de investir na aquisição, preservação e divulgação deste património. O investimento terá o retorno de preservar a nossa memória comum.