domingo, setembro 24, 2023

Alto Minho, artigo de 20-09-2023


Caminhos


Percorri aquele caminho toda a minha vida. Com os meus avós, com os meus pais, com os meus primos e irmã, com a minha namorada e minha mulher, com os meus filhos. Não terá mais de 400 metros, em terra batida. Era ladeado por grandes e antigas árvores seguidas de um aristocrático muro de uma grande quinta. No meio do percurso, bem perto do caminho, um tanque de pedra, não muito alto, serviria, talvez noutros tempos, para guardar água para os animais. No Verão, era um bom ponto para refrescar, por um dos lados era abraçado pela sombra de velhos carvalhos, pelo outro, estendia-se um prado que, com o declive, permitia observar, já mais em baixo, os choupos do ribeirinho. Já no Inverno, com o nevoeiro ganhava outro carisma, já as águas, por vários dias, congelavam, formando um espelho de gelo.

Embora em parte central do território onde está inserido, um território cada vez mais reduzido pela construção que a “modernidade” teima em trazer, o velho caminho vai resistindo. Já não é ladeado por grandes e antigas árvores, em algumas partes já nem árvores tem, o velho tanque ainda por lá se encontra, mas sem a utilidade de outrora. As águas já não congelam no Inverno, mas também já não passam por lá crianças com tempo para se divertirem a partirem esse “espelho”.

A sua localização fica reservada para mim. Um segredo que poderá, nem que seja por uns tempos, o preservar daqueles que apenas gostam de mostrar “trabalho”, nem que não seja para o transformar em mais um caminho asfaltado sem história e sem serventia, para além, claro, das fotografias de um qualquer panfleto quando chegam mais umas eleições autárquicas. 


Protagonistas locais


Por falar em autárquicas, já repararam como rapidamente chegamos a meio do actual mandato autárquico? Que avaliação poderemos fazer dos nossos eleitos, dos nosso representantes? Pelo que se vai acompanhando através dos média, será interessante observar de perto o que vai acontecer nos próximos dois anos em três concelhos do distrito. Caminha, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca. 

Caminha pelos “casos e casinhos” que levaram ao afastamento de Miguel Alves e que beliscaram (fatalmente?) a credibilidade dos socialistas naquele concelho. Arcos de Valdevez por viver um tempo de mudança de ciclo. Os sociais democratas arquenses, talvez mais concentrados no vácuo poder interno no partido, ainda não se entenderam quanto ao sucessor de João Manuel Esteves. Em Ponte da Barca, o investimento socialista é enorme e os sociais democratas enfrentam a máquina de Lisboa que pretende recuperar a todo o custo o concelho barquense. Aliás, o projecto socialista Arcos - Barca é comum, vê-se ao longe. Começa pela aposta em gente daquela região para desempenhar cargos no Governo e passa por dar visibilidade aos protagonistas locais com iniciativas nacionais. 

A segunda parte do mandato, para quem gosta de acompanhar estas “novelas”, promete.


Trânsito


Na ponte nova de Ponte de Lima o trânsito, durante as primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde, continua a ser caótico. É um mistério o motivo desta situação. Sem acidentes ou ocorrências anómalas, logo que se passam as rotundas de saída, quase por magia, o transito flui. 

Já pela sede do distrito, a confusão instala-se em todas as entradas. Por coincidência, ou talvez não, todas as entradas da cidade de Viana do Castelo passam por escolas ou serviços centrais. Não há rotunda, ou “circunvalação” que valha, se nesses trajectos existir um local onde se irá concentrar um volume extraordinário e caótico de carros.

Talvez seja tempo da entrada em cena de especialistas em mobilidade.