domingo, outubro 01, 2023

Alto Minho, artigo de 27-09-2023

Querer

Por norma as crianças têm uma tendência para “querer”. Muitas das vezes, apenas e somente por sentirem o gosto de ter. Muitos vão crescendo e esse velho hábito de querer, apenas por querer, mantém-se. 

O problema torna-se ainda maior quando esse é o modo de estar de quem nos representa. Querem ser presidentes, querem um lugar de relevo numa lista para uma assembleia, querem aparecer nos cartazes, mas, e depois? Depois, no dia das eleições, surge a dúvida, que o filme “O candidato”, representado pelo actor Robert Redford, tão bem retrata no seu final, “e agora”? Nesses casos, por norma “e agora, nada”.

A observação externa do mundo da política permite verificar como esse é um grupo cada vez maior. Fazem tudo para serem eleitos e depois parece que o interesse desapareceu. Nada trazem para os orgãos onde representam os seus concidadãos. Apenas prestam os “serviços mínimos” de estarem presentes, e, por vezes, com muito enfado. 


Transportes 


O tema dos transportes públicos é recorrente nesta crónica. Sintoma de modernidade e bem-estar, o transporte público, e o urbano, pensado na resolução dos problemas de mobilidade das populações, torna-se, a cada semana que passa, um tema que deveria estar no topo das agendas dos nosso políticos. 

No longínquo ano de 2008, escrevia sobre a importância da divulgação do “Estudo Integrado de Mobilidade e Sistema de Transportes no Centro Histórico de Ponte de Lima” feito no âmbito do Programa PAGUS. A verdade é que do estudo nada se soube e pouco ou mesmo nada resultou para a mobilidade dos limianos. 

No número da passada semana, o Jornal “Alto Minho” levou à primeira página o seguinte título “CIM-Alto Minho vai lançar novo concurso para os transportes públicos”. Lembram-se das declarações de Daniel Bessa, numa entrevista a este jornal, onde afirmava que os lideres regionais, lideres capazes de mobilizar a região, ficaram no passado? Foi do que me lembrei ao ler aquele título e depois a notícia. Que se aproveite este, vamos lhe chamar, passo atrás, para, antes de abrir um novo concurso, apresentar um verdadeiro serviço inter-municipal e inter-modal, que esteja aberto à integração com outros meios de transportes para além do rodoviário e que permita a ligação com outras regiões. Já agora que seja apresentado publicamente e não por declarações avulsas de um qualquer responsável.

Não basta todos os anos aderir à “Semana Europeia da Mobilidade” ou ao “Dia Mundial Sem Carro” que se comemora no dia 22 de Setembro. É necessário perceber que a mobilidade está em profunda mutação e a nossa região não pode ficar de fora deste, que também é, fator de fixação de empresas e de pessoas. 


Gratidão


Se há festa diferente, vinda genuinamente da comunidade, sem amplificadores ou plasticidade, é a festa de Cabaços, em Ponte de Lima. Festa que celebra o Arcanjo S. Miguel e onde os crentes agradecem as colheitas do ano, tem o seu ponto alto nos cestos do “Samiguel”, feitos de pequenas sementes que resultam em verdadeiras obras de arte. 

Um dos maiores mentores e principais impulsionadores destas festas foi o padre Agostinho Barros. Trabalhei com ele nos tempos da Pastoral juvenil e pude vivenciar a alegria e empenho que colocava na sua realização. O padre Agostinho está de saída para a sua diocese de origem, em França. É por isso tempo de lhe agradecer o trabalho prestado à comunidade limiana e, em particular, à comunidade de Cabaços onde deixa este legado que, certamente, o novo pároco, o padre Paulo Emanuel, saberá continuar.