domingo, dezembro 17, 2023

Alto Minho, artigo de 14-12-2023


Como perceber?

Confesso que me tem custado perceber o porquê da decisão em autorizar tanta concentração de médias superfícies comerciais ao longo da estrada nacional 201, entre a rotunda da Feitosa e a da Senhora da Guia, em Ponte de Lima. 

Aquele troço é uma das entradas da vila de Ponte de Lima, dever-se-ia ter especial  cuidado em embelezá-lo. Ao juntar tantas superfícies comerciais, para além de transformar essa entrada num zona inestética de armazéns, tem como consequência o aumento da pressão do trânsito num dos troços já por si de grande aglomeração automóvel. Com os grandes armazéns cercados por parques de estacionamento asfaltados, aquela zona assemelha-se a uma muralha castradora ao alargamento harmonioso do perímetro urbano da vila.

A última “vitima” desta voraz construção é a casa da Quinta da Baldrufa, a sua fonte e o seu cruzeiro estão agora como que sitiados. Esta foi a última morada do poeta António Porto-Além que um dia escreveu;


“Aqui é a minha Terra prometida

meu reino e meu exílio voluntário,

onde eu, o peregrino solitário

minha casa encontrei, minha guarida.

Aqui será um dia o meu sacrário

dos maiores sonhos que sonhei na vida… “  


Companheiro de brincadeiras


Já poucos se lembrarão dele, “vivia” no largo da Freiria, na Além da Ponte, na vila de Arcozelo. Era altivo, esguio, imponente, diziam que tinha vindo do Brasil. Quando chovia os ramos deste pinheiro arqueavam ligeiramente. Tinha sido plantado bem no centro do largo, serviu como proteção para milhares de horas de brincadeiras de várias gerações de crianças. Era a única árvore da Freiria que nenhuma das crianças se atrevia a trepar. 

Infelizmente, sem mais, sem se saber porquê, o pinheiro secou. O largo ficou muito mais vazio, no seu lugar foi construído um arranjo urbanístico que já vinha a ser planeado.  

Se ainda existisse, o pinheiro poderia ser aproveitado para iluminações de Natal, nunca foi, poderia até ser considerado uma atração neste tempo de iluminações natalícias. Infelizmente, dele já só restam as memórias de algumas crianças entretanto já crescidas como eu. 


Advento 


Os cristãos vivem um tempo de espera, um tempo de esperança, o tempo de advento. A sorte de se ter fé dá, ou deveria dar, aos crentes uma segurança extra nestes tempos conturbados que vivemos. A esperança, que popularmente se diz que é a última a morrer, ganha uma centralidade especial. 

Como seria bom que nesta época de preparação para o Natal essa esperança se alastrasse por todos, os crente e os não crentes.