domingo, dezembro 03, 2023

Alto Minho, artigo de 30-11-2023


Justa homenagem 

Em boa hora o grupo DuplaFace Companhia das Artes propôs à Câmara Municipal marcar o aniversário do saudoso poeta limiano Amândio Sousa Dantas. O município de Ponte de Lima vai, assim, assinalar esse dia amanhã, dia 1 de dezembro, pelas 15 horas (que pena não ser outro horário), na Biblioteca Municipal, com um conjunto de manifestações artísticas sobre a sua obra literária. 

Confesso que sinto a falta de me cruzar com ele em cima da ponte velha. De o ouvir falar sobre os mais variados assuntos, da sua simpatia e dos seus novos poemas que, nos últimos anos, de forma desapegada, partilhava na sua página de uma rede social. A minha homenagem será, como sempre, a de re-visitar os seus livros e ler os seus poemas. 


Tempo de foco


Desde 7 de Novembro, dia em que acabou o governo de António Costa, que se perderam horas e mais horas, produziram-se milhares de opiniões e discussões sobre tudo e mais uma coisa. O ponto é o seguinte, existindo suspeitas da alegada prática de crimes públicos, como, por exemplo, o de tráfico de influências, corrupção e prevaricação, a responsabilidade constitucional e o princípio da legalidade obriga o Ministério Público, independentemente de quem se tratar, a abrir um inquérito criminal. Simples! 

É tempo de obrigar os políticos, que já entraram em modo eleitoral, a discutirem e falarem dos verdadeiros problemas que os portugueses enfrentam. Não faltam temas. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, cerca de um quarto da população mantém-se em situação de pobreza ou exclusão social (Inquérito às Condições de Vida e Rendimento - em 2022), parte dessa população é trabalhadora, mas o seu salário, apesar dos aumentos, é esmagado pela inflação. A classe média vê-se cada vez mais próxima da posição falada anteriormente. Quando é necessária a  assistência hospitalar, já não se sabe onde a teremos ou sequer se a vamos ter. Nas escolas, reina o desânimo…

Caros políticos dos partidos fundadores da democracia, continuem a falar para os vosso umbigos, continuem a crispar e a bipolarizar a discussão, percam-se em temas que nada interessam para o dia a dia dos portugueses e, acima de tudo, tenham o único objetivo de assegurar o poder sem olhar a quê. Em Março, verão o caminho que Portugal seguirá, não estranhem que seja o da tendência europeia de se virar para os extremos. 


Não acreditam?


Ouvimos várias vezes que “as sondagens não acertam um resultado”. O problema é que as sondagens são apresentadas ao grande público como que fossem uma profecia, mas não o são. 

As sondagens servem para perceber tendências, refletindo o que naquela altura as pessoas se sentem impelidas a escolher. O problema são as várias dinâmicas que vão aparecendo entre esse dia e as eleições. 

Há uma tendência que as sondagens nacionais apresentam cada vez mais consolidada,  o CHEGA ganha terreno. A velocidade é tanta que começa a roer os calcanhares do PSD e do PS, ameaçando mesmo com a possibilidade, em próximas eleições, de passar a ser a maior força eleitoral. Embora a sua força aparente residir nas grandes cidades e nas regiões do Alentejo e Algarve, a renovação dos seus quadros políticos parece impelir a uma maior presença nacional que poderá consolidar a sua votação. E se o CHEGA vencer umas eleições sem maioria? Como se comportará o PSD e o PS, juntar-se-ão, ao género de geringonça, numa coligação do tipo bloco central? Talvez seja melhor estudar o que aconteceu em Italia e estar atento ao que se está a passar nos Países Baixos.