Decisões
Quando falta menos de um ano para as listas candidatas às eleições autárquicas serem entregues, o tempo para a tomada das grandes decisões começa a escassear. Existe uma convergência nacional entre PSD e CDS que aparenta seguir para as autárquicas. Será que, por Ponte de Lima, iremos ver os sociais democratas em lista conjunta com os centristas?
O PSD de Ponte de Lima está reduzido a “serviços mínimos”. Com o fim do ciclo autárquico dos atuais presidente e vice-presidente da concelhia local do PSD, enquanto presidentes de junta, há quem analise o silêncio e ausência do PSD como uma estratégia para não levantarem ondas com os responsáveis centristas. Talvez assim consigam integrar uma lista conjunta, dizem alguns. Não acredito nessa análise! Primeiro porque foram eleitos afirmando publicamente que o cabeça de lista do PSD, para eles, seria o mesmo de 2021, depois porque sei que não colocam aqueles que seriam os interesses pessoais à frente dos interesses coletivos do partido que lideram, e até os do concelho. Finalmente, até pelos longos anos de actividade política que ambos levam, sabem, certamente, que as negociações de coligações, para além da necessária convergência política, são sempre feitas tendo em conta a “força” eleitoral, a capacidade de penetração no eleitorado e a empatia e confiança entre as partes. Ora, a ausência da arena política leva ao esquecimento e este em nada ajuda na hora de construir uma coligação onde o PSD seja chamado a ter uma verdadeira palavra sobre o futuro de Ponte de Lima.
Se o caminho é a da aproximação entre os centristas e os sociais democratas, qual será o papel dos atuais lideres locais do PSD? Saberão estar à altura das circunstâncias, dando lugar a outros protagonistas. Basta observar o que se passou localmente nas eleições legislativas e europeias para perceber a alternativa.
Outro caminho
Mas não existirá, em Ponte de Lima, outro caminho que não o da integração dos projetos centrista e social-democrata? Claro que sim! Cada um pode apresentar listas próprias. Para o CDS isso poderá representar o fim da maioria de governação que, com a entrada de novos actores políticos, produzirá uma incógnita para o futuro do concelho. Para o PSD, atendendo ao isolamento e incapacidade de projecção do partido, o ponto de partida é muito difícil e poderá significar uma profunda redução de membros na Assembleia Municipal e ao quase desaparecimento nas Assembleias de Freguesia (em 2021 perdeu cerca de 40% dos seus eleitos). Este é o tempo dos partidos tomarem as grandes decisões com o pragmatismo que os novos actores políticos trouxeram à arena política.
Novos actores políticos
Serão as próximas autárquicas “as” eleições dos “novos” partidos? Pelo concelho limiano, até agora, os “novos” partidos, de esquerda ou de direita pouca ou nenhuma relevância autárquica conquistaram. Não me refiro aos movimentos ditos independentes, até porque o Movimento 51 surgiu de dissidentes do PSD e o Movimento Ponte de Lima Minha Terra, maioritariamente de dissidentes do CDS apoiados pelo PS. Até 2021 apenas o CDS, PSD, PS e os referidos movimentos alcançaram lugares no executivo municipal, a estes junta-se a CDU na Assembleia Municipal. Mas, e em 2025? No próximo ano, dois “novos” partidos juntar-se-ão à discussão.
O CHEGA, em Ponte de Lima, com a dinâmica eleitoral que ajudou na eleição do deputado Eduardo Teixeira, obteve quase tantos votos como o PS, conquistando o terceiro lugar. Será capaz de capitalizar esse resultado para se consolidar autarquicamente?
A Iniciativa Liberal tem feito um trabalho de implantação territorial, criou estruturas locais, atraindo vários quadros da sociedade que, ao darem a cara pelo partido, conseguiram aumentar substancialmente a votação, colocando os liberais no quarto posto.
São estes os dois partidos que poderão ocupar o papel que o provável desaparecimento dos movimentos independentes deixará livre. A escolha dos seus protagonistas ditará a sua capacidade de influenciar as próximas autárquicas em Ponte de Lima.