Entrevista
Depois da entrevista a Vítor Paulo Pereira, líder distrital do PS, que deu a conhecer as pretensões autárquicas do seu partido para o distrito, na passada semana foi a vez de Olegário Gonçalves, líder do PSD Alto Minho, falar a este jornal. Confesso que, por ser recandidato à liderança distrital, tinha expectativas elevadas.
Usou, por várias ocasiões, a palavra “união”, principalmente quando falava para as estruturas do partido. É compreensível que assim seja, até porque imagino a apreensão do líder do PSD Alto Minho, ainda em Setembro último, nas eleições para eleger o líder nacional do partido, perto de 60% dos militantes do distrito não exerceram o seu direito de voto. Mais ainda, na concelhia de Viana do Castelo, concelho sede do distrito, essa percentagem ultrapassou os 85%, e no segundo maior concelho em termos de eleitores, Ponte de Lima, tendo apenas 44 inscritos só 18 votaram. Olegário já percebeu o que terá de mudar no seu próximo mandato distrital. União não é o mesmo que unanimismo. É tempo de passar das palavras aos actos, falar e envolver todos aqueles que, pelo distrito, são mais valias do e para o partido.
Relativamente às eleições autárquicas, prevê manter as Câmaras atualmente laranja, aposta fortemente na vitória no concelho de Caminha, sendo que em Vila Nova de Cerveira e Melgaço existe a expectativa de alcançar a vitória. Teve o momento “wishful thinking” relativamente a Valença, quando falou do retorno ao PSD dos dissidentes que numa lista independente também elegeram 2 vereadores. Não se assumindo (ainda) como cabeça de lista à Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, afirma que o combate eleitoral deve ser encarado com humildade e muito trabalho, até porque, para além da presidência da Câmara, existem 20 presidentes de Junta em final de mandato. Tentou, ainda, esvaziar um pouco a pressão na candidatura a Viana do Castelo. As expectativas para Paredes de Coura ficaram-se apenas pela participação e fixacção de eleitorado. Relativamente a Ponte de Lima, queiram, por favor, passar para o texto seguinte.
Gigante adormecido
“…se os tempos mudam e ele não varia de actuação, poderá arruinar-se” - Maquiavel, em “O Príncipe”.
Por Ponte de Lima, apesar de ver com bons olhos uma coligação com o CDS, esta, para Olegário Gonçalves, não acontecerá. A razão prende-se por actualmente existirem “feridas que não seriam fáceis de tratar”, não assume, no entanto, José Nuno Araújo como o candidato fechado.
É preciso manter a serenidade e não fechar nenhuma porta. Em Fevereiro do próximo ano, se tudo correr normalmente, haverá eleições internas no PSD de Ponte de Lima. Nessas eleições poderão estar em cima da mesa várias correntes de opinião sobre o caminho autárquico. Deixo três possíveis. Manter o que existe neste momento com uma candidatura própria; optar por uma candidatura que integre, por exemplo, os movimentos independentes, ou o que resta deles; ou, ainda, uma coligação com o CDS. Qual destas opções tem capacidade para acordar e capitalizar o gigante adormecido que é a máquina e o eleitorado laranja em Ponte de Lima? Eis a pergunta à qual os militantes terão de responder.
O PSD de Ponte de Lima, em tempos constituído por muitos militantes participativos, com reuniões acesas e esclarecedoras do caminho que o partido queria para o concelho, há pelo menos meia década, desapareceu. Mas muitos sabem que esse músculo eleitoral estará, apenas, adormecido. A mobilização depende muito de quem lidera, de quem dá a cara, da capacidade de envolver os diferentes agentes e, acima de tudo, do projeto que apresentam. Qual é o projecto do PSD para Ponte de Lima? Na actual conjuntura, qual é a melhor forma de o tornar uma realidade?
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