domingo, novembro 03, 2024

Alto Minho, artigo de 30-10-2024

Insensibilidade

Os incidentes ocorridos na passada semana em Lisboa despertaram o que de pior pode existir na política. O aproveitamento populista dos partidos dos extremos, da esquerda e direita, ocorreram de imediato. Na extrema esquerda, demoníza-se a polícia, generalizando e extrapolando ocorrências isoladas a todo o corpo policial, na extrema direita, faz-se o mesmo mas em relação aos imigrantes e etnias. 

O mais preocupante é que, vivendo nas suas bolhas cada vez mais herméticas, estas posições dos partidos dos extremos parecem ter sucesso junto dos seus apoiantes, não vivessem eles, também, encerrados nos algoritmos das redes sociais que lhes mostra um mundo cada vez mais fechado nos mesmos temas e personagens. Não, os extremos não servem para resolver os problemas. 


As alterações climáticas não estão à porta


Alguns continuam a negar o evidente, as alterações climáticas são uma realidade não de um futuro, mas com a qual já lidamos. Recentemente, o presidente da Câmara de Esposende, Guilherme Emílio, dava conta de como o concelho que lidera se debate com problemas ambientais, entre os quais a erosão costeira. Para fazer frente a estes desafios afirma que o município não está à espera do governo central, tendo agido e procurado soluções. Também o município de Viana do Castelo está atento a esta temática, já percebeu que a subida do nível do mar e outros fenómenos extremos atingirão o concelho e foi a pensar nisso que apresentou o “Plano Municipal de Ação Climática”. Um plano aprovado por unanimidade, que apresenta 55 medidas para enfrentar as alterações climáticas. Eis algo a replicar pela região.


Finalmente!


Vasco Ferraz, presidente da Câmara de Ponte de Lima, anunciou um investimento de 2,5 milhões de euros no âmbito das Áreas de Risco Potencial Significativo de Inundação. Na realidade, o problema está no açude, como afirmou aquele responsável este investimento “prevê a alteração do açude para desassorear o rio e a limpeza, e erradicação de espécies exóticas invasoras aquáticas, para regular o caudal do rio”.

A novidade desta acção não está no porquê, mas na nova atitude da Câmara Municipal que assume o erro e a teimosia dos executivos anteriores. As opções anteriores, os tipos de açudes escolhidos, foram errados. Era fácil de perceber as consequências dessas más escolhas. Em 2006, escrevi “foi construído o açude junto à ponte de Nossa Senhora da Guia. As águas começaram a ser mais paradas. O lodo, e não só o lodo, começou a acumular-se tomando o lugar da areia.”, já em 2011, alertava para a necessidade de se “fazer uma avaliação do impacto da construção do açude”. Em 2016, foi construído um novo açude, mas, uma vez mais, sem possibilidade de gestão de caudal, a opção resultou em constantes inundações da totalidade do areal. Confrontado com isto, na Assembleia Municipal e no espaço publico, o então presidente da Câmara negou ser consequência da nova construção, afirmando que não passava de uma polémica virtual, promovida pelos de sempre, demagogos. 

Finalmente, olha-se para o problema e, sem desculpas ou camuflagens, procura-se resolver o que está mal.


Opções de gestão


O presidente da Câmara de Viana do Castelo afirmou recentemente que a transferência do Fundo de Equilíbrio Financeiro para o concelho que lidera é “insustentável”. Segundo esse responsável, desde 2019 até hoje, Viana do Castelo tem perdido um milhão de euros por ano. Para Nobre, poderá estar em causa a garantia do funcionamento do município, pois “só em salários são precisos 30 milhões”. Desde 2019 que isto está a acontecer e só agora, que o seu partido saiu do governo, é que contesta? Se a redução das verbas põem em causa o funcionamento do município, vai insistir na ideia de passar os transportes urbanos para a alçada da Câmara Municipal? Não estará, assim, a agravar ainda mais a situação por aumentar o peso dos encargos com pessoal?