Inferno
Os tempos não são fáceis. A intolerância, a demagogia, a mentira propagam-se como combustível para um fogo que parece lavrar um pouco por toda a sociedade ocidental. A soberba afasta a solidariedade, a falta de valores destrói o sentimento de comunidade. Os extremos políticos encontram-se preferindo e provocando o caos em detrimento do compromisso e da construção de consensos. Muitos, no centro político, sucumbem à demagogia, aterrados por verificarem que os extremos os cercam, aterrados pela possibilidade de perderem relevância política. Os meios de comunicação social nacionais parecem presos ao sensacionalismo, já não interessa relatar os acontecimentos, até porque o jornalismo “activista” passou a ser o normal. São horas e horas de polémicas balofas, exploradas até ao tutano, com a cobertura voyerista de tragédias, esperando pela próxima. E, claro, o imediatismo e superficialidade do “debate” nas redes sociais. Este ponto leva-nos ao assunto seguinte.
Purgatório
Na passada semana, foi divulgado o resultado do inquérito às competências dos adultos, conduzido no âmbito do Programa para a Avaliação Internacional de Competências de Adultos da OCDE, que revela que quatro em dez portugueses, 46%, entre os 25 e 64 anos, só conseguem compreender textos simples e curtos. Segundo Gabriela Borges, professora da Universidade do Algarve, o uso de redes sociais durante muito tempo será um dos factores a enfraquecer a capacidade de leitura e compreensão de textos.
Com a chegada da campanha eleitoral, é notório o investimento das diferentes forças políticas na presença nas redes sociais. Investem na criação de narrativas, nos “gostos” e comentários, mesmo que seja com o recurso a bot`s. O que interessa é “viralizar”. A inexistência de uma atitude crítica para o que vemos nessas redes é vasto pasto para as referidas intenções.
Há, no entanto, uma razão para este texto ter como título “Purgatório”. Ainda é possível inverter esta situação. Cada um de nós é que decide se quer ser um cidadão zombie digital, ou um cidadão informado. A escolha é sua!
Paraíso
As Feiras Novas são um momento de alegria, de encontro, de festa. É sempre bom ver milhares de pessoas juntas, a partilhar momentos. Um tempo onde os forasteiros se misturam com os limianos, onde as nossas tradições são partilhadas por todos, nas ruas da vila mais antiga do Alto Minho.
Uma palavra de apreço para todos os envolvidos na organização. Não só aos que fazem parte da Comissão de Festas mas, acima de tudo, aos anónimos que, com a eficiência do seu trabalho, permitem que a festa ocorra sem incidentes. Os que, por exemplo, de madrugada, limpam as ruas, os que mantém as casas de banho a funcionar, os que estão “por detrás da cortina” a organizar os cortejos e a procissão. São eles que permitem que todos os outros possam participar nas Feiras Novas, apenas com a preocupação de as viverem com espirito festivo e alegre.
Feiras novas - duas breves sugestões
Uma das mais concorridas entradas e saídas durante as festas é a “ponte velha”. A afluência é imensa, não podendo continuar a ser feita de forma desregrada. A mesma coragem que contribuiu para que, após anos de avisos sem qualquer sucesso, se retirassem, por motivos de segurança, as pessoas de cima da ponte durante os espetáculos pirotécnicos, deverá regular a entrada e a saída pela “ponte velha”, do lado da vila de Ponte de Lima, de forma a contribuir para uma maior fluidez e para a segurança de todos nas horas de maior afluência. A segunda nota prende-se com o facto do tempo do cortejo etnográfico passar largamente o aceitável. Entre o procurar um lugar no meio das cadeirinhas, colocadas em todos os passeios horas antes do cortejo, e o final deste, contam-se mais de 4 horas. É muito tempo e não traz qualquer benefício.