sexta-feira, dezembro 16, 2005

Alto Minho artigo 16-12-2005

Mercado Municipal alguns anos depois

A remodelação do Mercado Municipal levantou algumas críticas e alertas. Na altura a Câmara Municipal rejeitou-as, alegando que o tempo lhe daria razão. Dos antigos arrendatários poucos foram os que por lá continuaram. Lamentaram-se na altura da especulação dos valores das rendas. Rapidamente se encontrou uma explicação, nada mais que a da lei da oferta e da procura. Infelizmente hoje quem passar pelo Mercado Municipal verificará uma estrutura em nada funcional, degradada e quase votada ao abandono. Mesmo as lojas inauguradas com toda a pompa e circunstância, como exemplos do sucesso alcançado pela estrutura, fecharam sem que ninguém o tivesse sabido.
Hoje o Mercado é uma sombra do passado. O erro é óbvio, infelizmente somos todos nós a pagá-lo.

Desnorte

Com o afastar das eleições autárquicas torna-se mais claro a todos a razão de determinados resultados. É de lamentar que, por exemplo, alguns dos maiores responsáveis do desaire eleitoral do PSD, arquitectos da sua estratégia, sejam os únicos a não se confrontarem com a realidade. O desnorte de alguns ficou patente na semana passada. Infelizmente, o responsável dos membros que ainda lideram o PSD local não se coíbe de lavar a roupa íntima do partido em público. Aquando da sua recusa em ocupar um lugar na lista do PSD à Assembleia da República, veio a público criticar o seu partido. Desta vez apontou o dedo a alguns que, supostamente, concorreram contra ou se recusaram fazer parte das listas do partido sendo dele membros. Na sua visão, estes, que estão metidos no mesmo saco, incorreram no incumprimento dos estatutos do PSD. Envergando a capa de justiceiro, esqueceu-se, no entanto, daqueles que, embora militantes do PSD, concorreram efectivamente contra o PSD ainda há quatro anos e que este ano, quais filhos pródigos, voltaram à protecção da capa do justiceiro, integrando as suas listas.
Infelizmente nada disto apaga o pior resultado dos anais do PSD local. Pelo contrário, acentua o descrédito desta liderança de vistas curtas.
O norte só se poderá encontrar de uma forma e todos sabem qual é. Ou não?

Fogo de vista

Depois da primeira metade da semana ter sido ocupada pelo ponto anterior, a segunda foi pela nova medida a implementar daqui a três ou quatro meses pela Câmara Municipal. A imposição da velocidade máxima de 40 Km/h nas estradas municipais. Se estivéssemos perto do primeiro de Abril, poder-se-ia pensar tratar-se de uma brincadeira, mas não, o orgulhoso pai da medida veio a público defendê-la. Ficaram foi por esclarecer alguns pontos. A começar, se será esta medida implementada por se iniciar o melhoramento de todos os caminhos municipais, porque na maioria deles só os detentores de viaturas 4x4 ou os que não prezam minimamente o seu veículo circularão às tais velocidades elevadas. Haverá algum estudo que responda a estas duas simples questões: Qual a percentagem de acidentes nos caminhos municipais que tenham tido na sua origem o excesso de velocidade? Existe algum impacto nessa percentagem com a descida de 50 para 40 Km/h?
A não existir nenhum estudo nesse sentido, poder-se-á concluir que a Câmara Municipal continua com medidas não para os limianos mas para a comunicação social, ou seja, fogo de vista.
A prevenção, a sinalização e a beneficiação das estradas deveriam ser as verdadeiras apostas da Câmara Municipal. Talvez daqui a alguns anos seja aprovada uma medida para aplicar a velocidade máxima de 5 Km/h, nesta, por ventura, encontremos uma velocidade máxima compatível com todos os interesses.

Alerta

Nunca é demais alertar para a progressiva imposição de uma laicização jacobina das nossas vidas. A democracia para além do respeito que promove entre posições, reclama a primazia da maioria. Em democracia a maioria vence. Neste pressuposto, não se entende a imposição ortodoxa dos valores laicos numa sociedade onde a maioria de facto não o é. A separação do Estado de qualquer religião é realmente um factor positivo, mas esta separação não significa que os que constituem o Estado tenham que se separar da religião que abraçam e que, por conseguinte, tenham que a viver na privacidade dos seus lares.
O caminho que se traçou nestas ultimas semanas é um caminho de imposição de valores de uma pseudo elite minoritária. Será bom que também nós, neste recanto do Alto Minho, fiquemos atentos, pois qualquer dia poderão até impor-nos a remoção da cruz do nosso símbolo heráldico.

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