sábado, março 04, 2006

Alto Minho artigo de 04-03-2006

A "ilha"

Havia uma "ilha" algures na antiguidade que sucessivamente era chacota das ilhas vizinhas. Tinha por responsável um cidadão que, qual César, como os da família Júlia de Roma, se achava descendente dos deuses. Merecedor de toda a reverência, portanto. Essa ascendência concedia-lhe, certamente, o dom de ter sempre razão. Os que dele discordavam só poderiam ser maus cidadãos, com certeza uns conspiradores merecedores de eliminação.

Essa "ilha", que tinha tudo para ser um exemplo para outras, era de facto um caso único. Á medida que aumentava o exército, mais derrotas somava no confronto com os exércitos das ilhas vizinhas. Os responsáveis encontravam sempre uma desculpa para a derrota, sempre factores externos, nunca internos. Aliás, os outros cidadãos não se deveriam perturbar, pois estes tinham tudo controlado. O exército servia para isso mesmo, para o controlo interno e não para as batalhas com as outras ilhas. O que interessava era o controlo da ilha.

Mas eis que as pessoas da ilha se começaram a questionar. Seria este o rumo certo?

Alguns passaram para outras ilhas, até para ilhas desertas, mas outros optaram por ficar. O exército aumentava, apesar do acumular de derrotas, no entanto deram-se conta de que este era frágil, feito de mercenários sem qualquer afeição à ilha. Perceberam, então, que tinham um dever para com os que anteriormente tinham consolidado a ilha. Esta não poderia desaparecer.

O exército do velho responsável parecia forte, mas a confiança nas pessoas, no seu desejo de mudança, no seu desejo de devolver à ilha o poder de outrora era superior.

Não era tempo para hipócritas simulações. Era tempo de renovar a esperança. Era tempo de retomar o lugar de primazia que a ilha sempre tinha tido no arquipélago.

A vitória sempre foi possível...

Democracia

Porque mesmo aqueles que deveriam ser o garante da democracia por vezes se esquecem, o Dicionário da Língua Portuguesa diz o seguinte;

Democracia – Sistema político em que a autoridade emana do conjunto dos cidadãos, baseando-se nos princípios de igualdade e liberdade...

Igualdade – (...) princípio de organização social segundo o qual os indivíduos devem ter os mesmos direitos, deveres, privilégios e oportunidades...

Liberdade – (...) poder ou direito de agir sem coerção ou impedimento (liberdade de execução ou de acção)

Esterilidade

Os partidos são, sem sombra de dúvida, no nosso sistema democrático, as colunas de sustentação desse mesmo sistema. Deles imanam, normalmente, os representantes dos cidadãos que governarão a coisa pública. Essa função é a mais nobre de todas. A representação dos concidadãos é a maior das responsabilidade que algum cidadão pode exercer numa sociedade democrática. É por isso mesmo que vejo nos partidos um local onde a preparação, o envolvimento dos militantes o pulsar da democracia deveriam florescer. Não se compreende como esta visão possa ser para alguns alvo de chacota. Não se compreende como se pode ficar passivo, quando o costumeiro dentro dos partidos passa a ser a procura única do poder interno. Será que não é evidente a atrofia esterilizante a que esse caminho conduz?

Sem comentários: