terça-feira, junho 13, 2006

Alto Minho Artigo de 13-06-2006

Evidências

O Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima acordou para uma dura realidade. O governo de Sócrates aproveitou-se de Campelo e de Ponte de Lima para as suas habituais campanhas de marketing. Bastava associar a campanha presidencial e verificar a enorme coincidência do candidato, depois derrotado, Mário Soares estar a fazer campanha no distrito de Viana do Castelo precisamente no mesmo dia onde, quase de surpresa, o governo anunciava em Ponte de Lima a vinda da fábrica da IKEA para Portugal. Só a cegueira provocada pelos holofotes das televisões puderam ocultar tamanha evidência.

Mas Campelo tem razão em se sentir enganado. É deveras estranho que no memorando se tenham anunciado cerca de 450 postos de trabalho directos e agora se verifique que serão apenas perto de 300. Já a área de terreno necessária, ao invés, parece ter duplicado.

O vereador da oposição, Manuel Trigueiro, afirmou, numa reunião do executivo camarário, ter conhecimento de que algumas pessoas bem colocadas estariam a fazer tudo para que o investimento do IKEA não viesse para Ponte de Lima. O investimento não veio. Campelo fez insinuações sobre o líder do partido que Trigueiro lidera localmente. Depois disto tudo, Trigueiro deverá revelar publicamente a quem se referia nas suas afirmações. Estes não são, certamente, tempos de hesitações e dúvidas.

Época balnear

Durante muitos anos passou-se parte do verão dentro das águas do rio lima. A praia do Arnado chegou mesmo a receber a bandeira azul. Ainda me lembro da bandeira, do nadador salvador, com os calções do ISN e tudo, das bóias, inclusive das “gaivotas”. Tudo isto desapareceu sem deixar rasto. Apenas ficou o bar do Arnado.

Entretanto foi construído o açude junto à ponte de Nossa Senhora da Guia. As águas começaram a ser mais paradas. O lodo, e não só o lodo, começou a acumular-se tomando o lugar da areia. A bandeira assim como apareceu também desapareceu dando lugar, há cerca de dois anos, a um aviso, de material bastante perecível, onde se alertava para as más condições da água e respectivo encerramento da praia fluvial.

As margens do rio já foram tomadas por banhistas, muitos deles crianças. Qual é a qualidade da água onde se banham? E da areia?

Não basta fazer uma piscina de apoio à discoteca (não deveria ser um bar de apoio à piscina?) no recinto do Festival de Jardins. É preciso garantir que os limianos e os visitantes de Ponte de Lima tenham segurança quando se banham nas praias do concelho.

Imagino que as análises sejam feitas todos os anos e, se assim é, porque não tornar os seus resultados públicos?

Parecem longe os tempos onde se dizia que o Lima era o Lethes, o rio do esquecimento…

Dinâmica

A Assembleia Municipal de Ponte de Lima demonstrou algo que há muito não fazia. Dinâmica. Liderou o processo relativo à saúde e desempenhou um papel fundamental na resolução do problema. Até o Presidente da Câmara se viu impelido por esta dinâmica a rapidamente falar com o Ministro da Saúde.

Ficou provado que a Assembleia, quando quer, tem um papel fundamental nas escolhas para o concelho, tem uma palavra a dizer que merece ser ouvida. As comissões, como a da saúde provou, são um bom caminho para um desempenho mais activo da Assembleia.

Já Manuel Barros alertava para a necessidade de criar comissões e fomentar o seu funcionamento em meados dos anos noventa. Pelo que se viu agora, tinha razão. O presidente da Assembleia Municipal, Abel Baptista, pode e deve assumir um papel mais activo. O desenvolvimento de comissões e grupos de trabalho, que funcionem e reúnam, poderá ser o caminho para a revitalização necessária de um órgão que por vezes parece preso.

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