segunda-feira, outubro 09, 2006

Alto Minho artigo de 09-10-2006

Novo desafio

Gueto tem uma conotação de segregação, marginalização, isolamento. Imagino que o vereador da cultura ao afirmar, em entrevista à rádio “Ondas do Lima”, que sempre existiram guetos nas Feiras Novas, “…o dos feirantes, o das farturas, o dos divertimentos…”, não queria realmente dizer o que disse, pois não? As Feiras Novas querem-se amplas, integradoras, abertas, onde as bandas de música convivem com as concertinas, onde os mais velhos se divertem com os mais novos.

Aproveitando a referência ao vereador da cultura, agora que o seu mandato faz um ano, talvez não fosse má ideia dizer o seguinte. Este verão, no tocante à animação, foi realmente diferente dos anteriores. O pelouro responsável parece ter continuado o longo despertar que iniciou no ano passado. É certo que em 2005 a aposta de verão foi bem melhor, Xutos são Xutos, mas este ano houve realmente um esforço para que existisse uma programação de animação. Não foi a melhor e pecou pela falta de originalidade, na minha opinião não obteve os resultados esperados, mas fez-se algo. Foi um pouco precipitado realizar quase todas as actividades no espaço rebaptizado de EXPOLIMA. Este espaço ainda não reunia/reúne as condições necessárias. O festival de verão foi disso exemplo. A falta de protecção acústica, por exemplo, é uma falha condenável, já para não falar das paupérrimas instalações sanitárias ou do espaço envolvente. Mas há aqui algo que me parece positivo, que poderá ser aproveitado num futuro bastante próximo. Talvez esteja aqui a gene para transformar a EXPOLIMA num autêntico espaço de divertimento com algumas semelhanças com as Docas de Lisboa, o Cais de Gaia ou o conceito da Marina de Viana do Castelo.

Haja coragem política e a zona de S. João poderá transformar-se numa referência que dispensa festivais de verão “enlatados”. Aí sim, as Feiras Novas, Ponte de Lima e o norte de Portugal ganharão um novo espaço de diversão de qualidade.

Pano de Boca

O Teatro Diogo Bernardes comemorou os 110 anos da sua fundação. Nessa comemoração inaugurou-se o novo Pano de Boca. Parecido com o anterior, de autoria de Eduardo Reis (obrigado José Sousa Vieira), tem um pormenor interessante, a roupa a secar no areal. Um pormenor da vida limiana ao qual eu ainda assisti, mas que a geração agora com dezoito anos dificilmente lembrará. Fruto do desenvolvimento, máquinas de lavar e água canalizada, eco da melhoria das condições de vida.

Mas a pintura do novo Pano de Boca reflecte também como tem sido mal tratado o nosso areal. O automóvel tomou conta de todo o espaço e o areal de areia já quase não existe.

Sem ilhas, sem grandes gastos, é tempo de olhar para este espaço de outra maneira. Sendo que é um importante e estratégico local de estacionamento, não pode, no entanto, ser ocupado na íntegra por este. A limitação da lotação com a divisão do areal em dois parece ser sensata. Num dos lados continuar-se-ia a permitir o estacionamento gratuito dos automóveis, de fora ficariam os pesados, no outro criar-se-ia um local aprazível de ligação da vila com o rio. Propostas de leigos como eu há muitas, eu sei, o importante é encontrar soluções de técnicos que optem por uma que não deixe morrer o areal limiano. O importante é que o poder político tenha a sensibilidade necessária para devolver o areal às pessoas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns pela sua iniciativa