sexta-feira, junho 01, 2007

Alto Minho artigo de 01-06-2007

O acto de mudar tem sempre um lado de corte, de rompimento. Por isso é que custa e o esforço inerente pode ser motivo para limitar ou mesmo aniquilar a mudança. Não, para desilusão de alguns leitores, hoje não vou escrever acerca da necessidade de mudar as políticas económicas, sociais, culturais do concelho limiano, não. Vou falar de uma que me tem assolado, nos últimos dias, o espírito, a mente e sobretudo o corpo. A mudança de casa.

É na mudança de casa que nos apercebemos da quantidade de objectos, livros, dvd’s, fotografias, revistas, etc que já lemos ou vimos ou que fizemos intenção de o vir a fazer e que vamos acumulando ao longo da nossa vida. É interessante verificar que a casa de onde saímos não é assim tão pequena como ultimamente nos parecia, apenas estava mais, digamos, recheada…

Nas minhas mudanças “encontrei” alguns livros que li, faz já algum tempo, e que se encontravam arrumados na “biblioteca” da memória. Foi com um deles que me apercebi que talvez fosse importante conhecer as memórias de algumas figuras da nossa vida pública, seriam, certamente, um bom contributo para nos ajudarem a perceber o presente. Assim estes tivessem vontade… Ao passar os olhos pelo livro “A Casa da Barca”, uma publicação apoiada pelo município de Ponte da Barca, tendo ainda como presidente Cabral de Oliveira, apercebemo-nos das vidas que constituem a nossa comunidade e que, por vezes, nem nos damos conta de quanto são importantes para a construção da identidade de todos nós.

Mas mudar de casa é também separarmo-nos de memórias. Confesso que isso me custa, talvez seja a minha costela conservadora, não sei. O que sei é que me angustia ver casas mortas, onde memórias pululam em cada uma das divisões, mas que não impedem que estas, sem vida, se transformem num amontoado de pedras quase sem significado.

Resolvi, contrariando todos os indicadores, voltar ao centro histórico, sem lugar para estacionar o automóvel, sem poder mexer uma caixilharia, mas na esperança que esta situação seja reversível e que o centro histórico volte a ter vida.

Sem comentários: