Exemplos durante a vida vamos tendo muitos, mas já são menos aqueles que realmente nos tocam ao ponto de influenciar a nossa conduta. No passado domingo, celebrou-se o dia do Bom Pastor e, nesta altura, não poderia deixar de lembrar aquele que tem sido o bom pastor do “rebanho” a que pertenço, a paróquia de Santa Marinha de Arcozelo. O Padre Manuel Miranda é um exemplo de dedicação às suas “ovelhas”, um exemplo de abdicação e de rectidão. Por vezes incompreendido, mal que os Homens rectos vão acumulando na vida, foi conseguindo, no entanto, pelo seu esforço e pelo seu exemplo marcar a vida de muitos dos seus paroquianos que, quando pensam na figura do sacerdote, lembram-se logo do seu exemplo.
Por sorte, tenho conhecido muitos sacerdotes ao longo da minha vida e na sua grande maioria seguem, cada um à sua maneira, como seria de esperar, as pisadas que o “meu” padre escolheu para si. O desapego, a caridade, a rectidão, a busca da salvação para as suas “ovelhas”. Numa altura em que a Igreja é constantemente atacada, em especial os seus sacerdotes, não poderia deixar de agradecer este exemplo vivo que felizmente vejo reflectido noutros e que, certamente, serão a continuidade do que verdadeiramente é ser sacerdote no mundo de hoje.
O Grande Irmão
Os senhores deputados municipal decidiram ontem se iremos ter ou não videovigilância no centro histórico. Claro que essa decisão, no caso de ter sido positiva, estará sempre sujeita à aprovação da Comissão Nacional de Protecção de Dados. É de realçar que a videovigilância não resolve em nada a criminalidade, apenas produz um falso sentimento de segurança. Será que alguém pensa que quem queira assaltar uma loja, vandalizar o património edificado, ou outro qualquer tipo de crime, não o faz por causa das câmaras de filmar? As entidades consultadas pela Câmara Municipal foram dando algumas justificações para a aplicação das mesmas, dois exemplos, o Gabinete Terra, ligado à própria Câmara Municipal, dá a entender que a necessidade advém da progressiva desertificação do centro histórico e consequente degradação do mesmo. Concordando com o cenário descrito, não seria melhor promover o “repovoamento”, promover a vida do centro histórico? A PSP, por seu lado, afirma que não existe historial de grande criminalidade e que as estatísticas até demonstram que o centro histórico de Ponte de Lima, no que concerne à criminalidade, até está abaixo da média, mas, como forma de acautelar, defende que se liguem as câmaras de filmar. Pergunto, não seria melhor dar mais meios humanos e materiais à PSP a começar pelos veículos automóveis ao seu serviço? Esses sim, capazes de actuar rapidamente e de efectivamente dissuadirem a criminalidade.
Parece existir um género de fetiche pelo espaço público do centro histórico, por um lado “obriga-se” os seus habitantes a ouvir vezes sem conta “música de elevador”, agora a terem cuidado com as suas janelas, com quem recebem em casa, como estacionam... É que esta é, quer queiram quer não, a outra face da moeda e talvez a única. A nossa liberdade passa a ser mais limitada, e a verdade é que quase todas as ditaduras começaram por assentar numa promessa de maior segurança, sempre em troca da perda de alguma liberdade.
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