terça-feira, junho 01, 2010

Artigo n'O Povo do Lima

Exemplos do velho leste

Após 1989, os povos do leste da Europa foram descobrindo a iniciativa privada. Começaram a ver que o Estado não tem que ser, nem deve ser, aglutinador de todas as actividades económicas, mas antes deverá promover e proporcionar condições para que a iniciativa privada floresça e crie riqueza na comunidade em que está inserida.

Em Ponte de Lima, 20 anos depois e já bem longe dos tempos do PREC, o Estado, através do dito poder de proximidade, a autarquia, vai tendo quase, sem se dar por ele, uma participação quase monopolista em vários sectores. Não se pense que é algo de pouca monta, não, é algo que está a tomar uma proporção que poderá causar danos bastante graves num futuro bem próximo.

Tomemos por exemplo um dos sectores ditos estratégicos para o concelho, o Turismo. Quantos investiram na recuperação de espaços rurais, transformando-os em pequenas unidades hoteleira criadas para satisfazer o que se dizia, e bem, ser uma falha que limitava o desenvolvimento turístico do concelho limiano, a falta de camas para alojamento de qualidade. Actualmente, qual deve ser a perplexidade destes pequenos investidores ao verem que a Câmara Municipal, num género de “SGPS”, está a apostar fortemente no turismo não para dinamizar o sector mas como investidor e agente económico através da construção de hotéis, pousadas, e até da recuperação de casas para turismo rural, praticando preços que dificilmente algum privado poderá acompanhar.

O que ganha Ponte de Lima com isto? Muito pouco. Dir-me-ão que será uma boa forma do Município criar receita. Pelos preços praticados e tendo em conta os custos de construção e de manutenção, associados aos valores da promoção, duvido muito que o projecto seja economicamente viável. Já para não falar dos custos fixos, que a Câmara Municipal parece não se preocupar em aumentar de ano para ano. Será que não é claro que os dias de vacas gordas são coisa do passado?

Ponte de Lima é verdadeiramente um caso de estudo para a ciência política. O seu governo é de direita mas governa qual esquerda radical nos tempos de PREC, seguindo à escala o “brilhante” exemplo económico do velho leste europeu ocupando o espaço que seria naturalmente dos privados.

Com este tipo de política económica só falta saber quem estará disposto a ser um género de Gorbachev limiano…

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