quarta-feira, dezembro 15, 2010

Artigo n'O Povo do Lima

10 anos

O Poder político por norma custa a acordar, por norma corre atrás das correntes da comunidade. Por vezes, são precisos anos e anos de paciente persistência de membros da comunidade que, com visão, vão lutando para que o Poder político abra os olhos. As Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos fizeram 10 anos, a data foi comemorada com a presença de uma Secretária de Estado, do ex e do actual presidente da Câmara Municipal acompanhados pelos seus respectivos discursos. O actual responsável pelas lagoas foi dizendo que este é um projecto que envolve a sociedade. Nem ele sabe quanto. Saberá ele (pelo menos o ex-presidente da Câmara sabe) que aquele espaço, agora com a chancela oficial de zona húmida, zona protegida, foi durante anos e anos local de romagem de jovens que ali se iniciaram na “arte” de observação da natureza? Que muitos tiveram a experiência de lá pernoitar e acordar com os chumbos das armas dos caçadores que não queriam perder o seu local de caça, ou que um presidente de Junta afirmava a pés juntos que lá não existiam lontras, mas sim “zaganeiros”…?!
Claro que o papel de Daniel Campelo e, por arrasto, do Secretário de Estado do Ambiente da altura, José Sócrates, foi fundamental para a oficialização daquele espaço como um espaço protegido. Ninguém o nega, mas seria interessante que nos dez anos se lembrassem de todos os jovens e seus monitores que desde os anos 70 até aos 90 acreditaram que aquele era um espaço especial e digno de protecção. 
 
Natal

O Natal é um tempo especial. Gosto do frio, da lareira que o tenta superar, do bacalhau cozido, que nesse dia tem um sabor especial, e, acima de tudo, de ver na mesma mesa a família reunida.
Os anos vão passando. Uns vão deixando os seus lugares e outros vão ocupando-os. A vida não pára. Mas essa é a felicidade da vida, vermos que o ciclo não cessa, que um bocado de nós vai continuando, nos nossos filhos, nos nossos sobrinhos, nos filhos dos nossos primos, dos nossos amigos… A nossa “marca”, a nossa cultura, os nossos valores, vão subsistindo mesmo neste mundo que nos parece cada vez menos familiar. A semente vai passando e, como em todos os tempos da história, vai geminar e dar o seu fruto.

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