quarta-feira, dezembro 05, 2012

Artigo no Novo Panorama


Artigo publicado no Novo Panorama em 29-11-2012





Fica a nostalgia

Em criança corria rua acima (rua Manuel Lima Bezerra, na Além da Ponte) com a pressa própria de quem quer chegar rapidamente ao local de brincadeira (neste caso, o largo da Freiria). Pelo caminho, invariavelmente, parava na padaria da tia Francelina (mais tarde da tia Gusta, irmã da primeira) para abastecimento de mantimentos. A entrada na velha padaria era feita com a solenidade que as nossas tias-avós nos imponham, mas era certo e sabido que não sairíamos de lá com as mãos a abanar, e à saída já vinha na mão um pedaço de broa de milho. Chegado ao local da brincadeira o pedaço de broa serviria como fonte de energia, a mim e aos meus companheiros de brincadeira, para uma tarde de jogos de bola, de escalada das velhas arvores ou de incursões à, já na altura, arruinada casa da “separadora”.
Aquela velha padaria sempre teve um encanto especial, as características balanças, três diferentes para diferentes tipos de pesagem, o S. António a olhar para nós, os diferentes tipos de farinha, o milho, o mobiliário... Por lá aprendi com o meu pai o prazer que dá enterrar a mão nos grãos do milho, já devidamente ensinado à minha filha…
Depois de cerca de 80 anos a trabalhar no negócio, que já havia sido do seu pai, a actual dona da velha padaria resolveu descansar. Uma decisão que compreensivelmente lhe custou muito, que foi adiando, mas que era inevitável. Os tempos são outros e como se pode ler na Bíblia, no capítulo 3 de Eclesiastes "Para tudo há um momento e um tempo...".

Dois novos e imperdíveis livros

No passado sábado, Amândio Sousa Dantas apresentou aquele que ele descreve como o livro de sua autoria de que mais gosta, o “Sentimento do Poema”. Quer pelos poemas escolhidos para serem declamados, quer pela forma como foi feita essa declamação ou mesmo como a apresentação foi feita, foi um momento memorável. Este é um livro onde vive o sentimento, imperdível para quem realmente gosta de poesia.
Já no próximo sábado é apresentado aquele que será “O” livro referência da zona húmida das lagoas de Bertiandos e S. Pedro d'Arcos, “Biodiversidade das lagoas de Bertiandos e S. Pedro d'Arcos”. Porquê referência? Porque o autor do livro é António Mário Leitão, nada mais nada menos que o percursor dos estudos daquela zona. Foi ele, muito antes de qualquer classificação oficial, que trouxe a Ponte de Lima, às lagoas de Bertiandos e S. Pedro d’Arcos, vários cientistas e investigadores portugueses e estrangeiros e que, com o GEICE e os Amigos do Mar, deu a conhecer a várias gerações de jovens limianos a riqueza da biodiversidade daquela zona.
Existirão alguns livros e brochuras sobre as lagoas, mas para quem gosta das lagoas de Bertiandos e S. Pedro d'Arcos e quiser saber mais sobre a sua biodiversidade e história este é um livro obrigatório.

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