sábado, agosto 16, 2014

Fontes

(Artigo publicado no jornal Cardeal Saraiva de 15 de Agosto de 2014)

Roma é das cidades que mais gosto. Por mais que se conheça, conseguimos sempre "perder-nos" e "encontrar" algo de novo. Uma das primeiras grandes surpresas foi a de podermos contar com fontanários de água potável por todo o centro histórico da cidade. Os vendedores ambulantes vendem as águas engarrafadas a preços muito próximos dos que encontramos em algumas feiras na Expolima, mas a verdade é que o visitante e o residente podem sempre dispensar essa compra e saciar a sede gratuitamente numa qualquer fonte pública. 
Também por Ponte de Lima, no centro histórico, se encontram várias fontes. Na Lapa, junto à Câmara Municipal, no Arrabalde, no largo de S. João, em Trás-os-Palheiros na Além da Ponte, junto ao Colégio Dona Maria Pia... 
Aviva-se-me na memória a sensação de descer a correr a avenida Antonio Feijó, vindo da zona das escolas, e, antes de comer um bolo no "Gerinho", beber sofregamente a água fresca, que brotava na fonte junto à Câmara Municipal. É verdade que, quando mais tarde a mesma avenida era percorrida muito mais lentamente na companhia da minha cara metade, o sabor e sensação eram os mesmos. O ritual manteve-se, a água fresca matou a sede durante muitos anos. Infelizmente, ao contrário da cidade Eterna, as fontes em Ponte de Lima ou deixaram de brotar a água propriamente dita, ou viram interdito o seu consumo. Longe vão os tempos em que as raparigas iam com os cântaros à fonte, espaços de "grandes" segredos, de grandes amores. As fontes de Ponte de Lima estão hoje quase todas abandonadas, com uma placa comum onde se lê "Não beba".
Na fonte onde tantas vezes matei a sede há um painel com um poema de António Feijó que termina assim "...Tende paciência, amigos meus! Eu sempre tive este costume de fugir com o Tempo... Adeus! Adeus!" . Infelizmente, aqui, por Ponte de Lima, muita coisa também parece ter esse costume, o de fugir com o Tempo.

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