quinta-feira, março 19, 2015

No dia do pai...

(Artigo publicado no jornal Cardeal Saraiva de 19 de Março de 2015)
Pela minha experiência, ser filho de alguém que se dedica à causa pública tem um de dois efeitos, ou faz com que os filhos sintam uma natural vontade de participar de forma activa ou faz com que sintam uma repulsa natural relativamente à participação política. O meio-termo, por norma, não existe.
Para os que, como eu, são naturalmente chamados à participação activa, por mais leituras e influências, o exemplo parental será sempre como que a “semente” da nossa actuação. É bem verdade que poderão estar em campos diferentes, ter temperamentos antagónicos, mas, por muito que se fuja, o exemplo parental, mesmo inconscientemente, estará sempre presente.
Tive a sorte de ver bem de perto a intervenção pública do meu pai. Alípio de Matos é um protagonista incontornável da participação na res publica limiana do pós 25 de Abril. Membro da Assembleia Municipal, vereador, foi várias vezes eleito para assumir responsabilidades quer dentro da estrutura do PSD local e distrital, quer em várias associações da comunidade limiana.
Indiferente aos cargos electivos que ocupou, viveu sempre do que provinha da sua vida profissional, do seu trabalho. Nunca cedeu a interesses pessoais, partidários ou de grupo, nunca teve ligações obscuras a interesses económicos ou actividades escudadas noutros (familiares ou amigos) nem tão pouco usou para seu benefício ou dos seus próximos os lugares para que foi eleito. 
Ética, serviço ao próximo, vontade de fazer algo pela comunidade estas são as heranças políticas que ainda hoje o meu pai me deixa. É por esta conduta que é visto com respeito entre os pares.
Ensinou-me que a vitória eleitoral não é o grande objectivo na política. Em democracia, mais que vitórias eleitorais, a grande vitória é lutar e fazer algo pela comunidade.
Deu-me sempre liberdade de escolha, deixou-me fazer o meu caminho nunca me impondo o seu caminho. Da minha “caminhada” resultou que o partido é o mesmo, já a escolha clubística não.
Hoje, sou eu o pai com participação activa na vida política local. Não sei a que grupo os meus filhos pertencerão. Seja qual for, tudo farei para que os valores que me foram transmitidos passem para eles.     

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