quinta-feira, novembro 22, 2018

O nome do Dr. João Gomes de Abreu e Lima finalmente consta na toponímia de Ponte de Lima





Artigo publicado no jornal Alto Minho de 8 de Novembro de 2018

No final de 2016, apercebi-me de que a referência ao primeiro presidente da Câmara eleito em democracia era uma falha na toponímia de Ponte de Lima. João Gomes de Abreu Lima havia falecido no início desse ano e seria um justo gesto de homenagem à sua vida perpetuar o seu nome na toponímia local. 
O primeiro intento foi feito em reunião do executivo da Câmara Municipal, através do vereador Manuel Barros, mas o resultado não foi o esperado. Voltámos (PSD) a insistir, desta feita na Assembleia Municipal de Ponte de Lima.
Como líder do PSD, antevia a possibilidade de interpretações erróneas, até porque João Abreu Lima, para além de ter sido sempre eleito pelo CDS, é uma figura histórica e fundadora desse partido. Isso, no entanto, foi o que menos me preocupou.  Infelizmente, em Ponte de Lima, existe um género de sub-cultura política que faz com que as pontes democráticas, a capacidade de olhar e viver para além das nossas bolhas, sejam vistas com maus olhos e desconfiança. Quem tem responsabilidades deve ter a capacidade de, pelo menos, tentar ir contra a corrente, especialmente quando esta se torna redutora do bem comum. É um risco que, para mim, vale bem a pena correr, mesmo que o resultado seja negativo para os nossos pequenos interesses politico-partidários.
A verdade é que a vida pública de João Abreu Lima em prol do nosso concelho merecia, pelo menos, esta singela homenagem. 
Apresentei a proposta na conferência de líderes, tendo sido incluída na ordem de trabalhos da reunião da Assembleia Municipal. Infelizmente, nem todos os grupos estiveram presentes, o que impediu uma maior troca de ideias. Valeu pelo testemunho dado pelo presidente da Assembleia Municipal de então, Salvato Trigo, considerando que a proposta só pecava por tardia. 
A proposta criou algum desconforto, o PS acusou-nos de eleitoralismo, o M51 fez também algumas insinuações nesse sentido e o CDS, para sacudir a sua omissão, apresentou na própria reunião da Assembleia Municipal uma contra proposta. O CDS preferia sugerir ao Ministério da Educação que o nome da Escola Secundária de Ponte de Lima passasse a Escola Secundária Dr. João Abreu Lima. Argumentei que a proposta, sendo interessante, dependia de terceiros para a sua concretização, ao contrário da toponímia que é da responsabilidade da Assembleia Municipal, ou seja, da responsabilidade dos que tinham a obrigação de prestar homenagem. Depois de alguma discussão, as duas propostas foram fundidas, tendo sido aprovada com uma abstenção (salvo erro do eleito do PCP). Mais tarde, a Câmara Municipal de Ponte de Lima acabaria por aprovar o local, sob proposta do presidente da Câmara, Vitor Mendes.
Passou um ano e meio desde a decisão da Assembleia Municipal. Finalmente, o nome do Dr. João Abreu Lima, Presidente da Assembleia Municipal de Ponte de Lima, Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima (primeiro em democracia), Vereador e Deputado à Assembleia da República, em quatro legislaturas, tem, finalmente, o seu nome perpetuado na toponímia do concelho limiano, numa praça junto à Escola Secundária de Ponte de Lima.
É verdade que a praça não passa de um estacionamento. Na cerimónia uns, em conversas informais, e outros, em entrevista à jornalista do jornal Alto Minho, manifestaram a tristeza pelo local escolhido por considerarem, e bem, que a personalidade homenageada merecia outro destaque, outra artéria de maior importância.
A família, simpaticamente, agradeceu e realçou o facto da praça conter um nicho a Nossa Senhora que até seria a madrinha do homenageado. Esta coincidência tocou-me. Apesar de tudo, aquele acabava por se revelar o melhor local. 
Não posso deixar de lançar um repto ao presidente da Câmara e ao seu executivo: por que não reorganizar aquele espaço, aproveitar o nicho, tornando-o num espaço condigno, com flores, com jardins (quem conhece a Casa do Outeiro percebe que o seu dono tinha gosto apurado no seu jardim) e, por que não, com estacionamento ordenado? Aceita o repto, senhor Presidente da Câmara?

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