domingo, março 14, 2021

Alto Minho artigo de 10-03-2021

 

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Crescemos a vê-los, estiveram sempre presentes. Os anos passam, a idade vai pesando, mas, porque os vemos todos os dias, porque eles “fazem” a nossa “aldeia”, não nos damos conta disso. Alimentamos a ilusão de que vivemos sempre no mesmo tempo. A verdade é que ele não dá tréguas. 

Dizem que os lugares fazem as pessoas, talvez seja verdade, não tenho a certeza. Mas não duvido de que as pessoas fazem o lugar, e o meu está cada vez mais pequeno. Já não encontro a Gusta, a São, o Manuel, a Custódia, o José, a Gustinha, a Minda, a Carminda, a Cinda, a Adrianinha, o eterno romance do Malheiro e a Lia… Olho para as paredes das suas casas, umas vazias, outras convertidas em apartamentos com novos habitantes, outras em alojamentos locais, outras, ainda, animadas pelas famílias de sempre. 

A minha “aldeia” é a Além da Ponte, Arcozelo, Ponte de Lima. Se há algo que Eles, os que por cá andaram antes, nos ensinaram é que os desta “aldeia” continuam, não param, avançam, adaptam-se e evoluem. Perpetuam a sua memória dando vida à sua “aldeia”.


Epitáfio político 


O passado dia 4 de Março foi o último em que Vitor Mendes participou, enquanto presidente da Câmara de Ponte de Lima, nas comemorações do primeiro foral que fez vila o lugar de Ponte”. E assim será, pelo menos durante os próximos 4 anos. No seu discurso, emotivo, virado, e bem, para as vítimas da pandemia e para quem, no dia a dia, a combate, deixou algumas palavras que indiciam como gostaria de ser recordado. Está no seu direito, afinal, foram quase duas décadas a exercer cargos executivos no município de Ponte de Lima. 


Mas não dá para esquecer


Foram várias as “batalhas” travadas com o presidente cessante. De quase todas saí derrotado, mas não me arrependo de ter travado nenhuma delas. 

Na memória, rapidamente, surgem-me, a luta por uma política urbana consistente e virada para a fixação das pessoas, a fábrica de betuminoso no centro da vila de Arcozelo, a tentativa de construção de um edifício novo para os Paços do Concelho, a luta para travar as linhas de muito alta tensão às quais a Câmara Municipal tinha dado  o aval escondido de todos, a poluição no rio do esquecimento ou esquecido, a incapacidade de captação de indústria, a necessidade de criar incubadoras de empresas, o fórum da juventude, apoio à medicação dos seniores desfavorecidos, gabinete integrado de apoio ao desporto, a importância de tratar as freguesias como parceiros da acção política autárquica e não como agentes subservientes do município. E tantas outras que, como as que descrevi, estão documentadas nas páginas deste jornal e noutros lugares. 


O PCP fez 100 anos 


Quem conhece as orgânicas partidárias sabe que, para um partido, completar 100 anos não é algo banal. Ideologicamente, estou longe do PCP, mas os partidos, para além das ideologias, são feitos por pessoas. Ao longo da minha participação pública, cruzei-me com várias pessoas ligadas ao PCP.  Lembro-me da Sandra Fernandes, da Patrícia Moreira, do José Monteiro (Louro), do Manuel Moreira, só para citar alguns. De todos eles, concordando ou discordando, encontrei exemplo de trabalho, dedicação e frontalidade. Saúdo o centenário do seu partido.