domingo, março 28, 2021

Alto Minho, artigo de 24-03-2021



Daniel Campelo, o regresso?

Em 2015 escrevi o seguinte “Com o silêncio, Campelo vai passando incólume entre as gotas da polémica. Alguns dizem que é tudo calculado, que está a preparar o seu regresso, outros, que simplesmente deixou de se interessar pela política, outros ainda defendem que não lhe interessa voltar… agora.

Não sei se a partilha do documento, que podem ler no suplemento da semana passada do semanário Alto Minho, pretende ser o início do seu “regresso”. Sinceramente nem me interessa muito. O que sei é que a sua reflexão deve ser lida e meditada. Principalmente pelos que estão em lugares de decisão e pelos que se apresentam este ano como candidatos a exercê-los.


A ponte que nos dá nome


Sabemos que durante séculos foram cobradas taxas (vamos chamar-lhes assim para simplificar) para a manutenção da ponte velha de Ponte de Lima. A limpeza sempre foi tida como algo primordial, até como forma de manutenção e preservação da própria ponte. 

Recentemente, o Professor Doutor Matos Reis lançou um apelo; “Por favor tirem as heras da ponte, se não a querem destruir.”. Isto vem a propósito da Câmara Municipal ter promovido, nos últimos anos, o crescimento de trepadeiras na ponte, junto ao largo de Camões. A nossa ponte velha não é um qualquer muro rural para ser tomado por trepadeiras que escondem as ancestrais pedras graníticas.


Falta sensibilidade e amor à Terra


A ponte velha, nos anos 80, com a abertura da ponte de N.S. da Guia, deixou de ter importância na circulação rodoviária. Foi, no entanto, a partir daí que viu oficializar, consolidar e valorizar a sua importância na política identitária de Ponte de Lima. Francisco Abreu Lima, corajosamente, deu o aval, no final dos anos 80, para fechar a ponte ao trânsito. Nos anos 90 foi colocada iluminação ornamental para realçar, ainda mais, a majestática construção. 

Ainda se lembram dessa iluminação da ponte? A iluminação dos seus arcos, do património envolvente? Passem por lá numa noite destas, da iluminação pouco sobra. Aliás, uns arcos estão iluminados, outros não. Uns com cores amareladas, outros brancas… 

Até parece que o ex-libris de Ponte de Lima perdeu a tal importância na política identitária. Além das trepadeiras já referidas, são os ferros espetados para as feiras, para as decorações das festas, é a iluminação tal como descrita, é a falta de uma área de proteção que afaste o estacionamento, são pedras, outrora sendo parte da ponte, a sinalizar a fronteira entre o espaço de aparcamento e o rio.

Existe cada vez mais investimento em luz e tecnologia LED. A iluminação ornamental de monumentos deu grandes passos nos últimos anos. Como seria importante voltar a ver a nossa ponte iluminada, com uma iluminação condizente com a importância que lhe deve estar associada.


Zonas industriais 


Em 2016 este semanário fazia notícia com “terrenos comprados para IKEA vendidos agora à Câmara de Ponte de Lima por 1,7 milhões”. Na notícia eram explicados alguns contornos menos claros na aquisição dos terrenos e referida a razão invocada por Vitor Mendes para a compra, havia várias empresas interessadas em se instalar lá. Disse-me o mesmo quando o questionei numa reunião da Assembleia Municipal. Mas eis que só agora, passados 5 anos, é que a Câmara Municipal de Ponte de Lima aprovou o projecto do Pólo Industrial de Calvelo. As empresas interessadas esperaram 5 anos? Claro que não. Já lá vão 4,9 milhões.

Quem receber, no final deste ano, das mãos dos limianos os destinos de Ponte de Lima uma das primeiras decisões que deverá tomar será a de imitar os nossos vizinhos (escolham um, porque quase todos nos ultrapassaram neste campo) e criar um verdadeiro grupo de trabalho de promoção e captação de investimento para o concelho, abandonando os velhos e ultrapassados chavões que, apesar dos milhões envolvidos, poucos resultados trouxeram para o desenvolvimento e criação de emprego em Ponte de Lima.

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