O rio
Veio a chuva e logo o rio Labruja pintou o Lima de castanho. É sempre assim, e, como também é habitual quando isso acontece, logo as redes sociais foram invadidas por fotografias e textos indignados.
Em 20 anos, o concelho de Ponte de Lima passou de uma praia fluvial com bandeira azul, para praias fluviais com águas impróprias para banhos, acabando na inexistência de praias fluviais.
A desclassificação conduziu a que as águas do Lima deixassem de colocar Ponte de Lima nas notícias no início das épocas balneares, que, invariavelmente, durante anos, apresentaram as praias de Ponte de Lima como praias sem condições para a prática balnear. As águas melhoraram? Duvido. O que melhorou foi a exposição dos responsáveis políticos que deixaram de ter que justificar, ano após ano, a sua ineficiência no que ao rio diz respeito.
O desconhecido
José Nuno Vieira de Araújo, cabeça de lista do PSD a Ponte de Lima, deu a primeira grande entrevista. Araújo demonstra à vontade nas respostas, driblando muitas das perguntas e repetindo a mensagem que quer passar. Não passam, no entanto, despercebidas algumas frases discursivas usadas durante anos pela liderança do M51. Não tendo arrependimento do seu passado de candidato e próximo do M51 tenta, no entanto, mostrar alguma distância, esperando que seja agora este a aproximar-se da candidatura do PSD. A porta está aberta.
Desconhecido da maioria dos comuns dos limianos, Araújo tem muitos anos de participação pública, inclusive em Ponte de Lima. Fez questão de referir a sua passagem pela Assembleia Municipal, pertenceu a este órgão no final dos anos 90 do século passado e na segunda metade da primeira década deste.
A cinco, seis meses da eleição, ainda está a construir o projecto que irá defender para Ponte de Lima, assume, no entanto, que este “não será igual àqueles que já houve”.
Na entrevista, o candidato desvaloriza a possibilidade de ter sido “a 3º, 4ª ou 5ª escolha”, deixando, no entanto, uma implícita critica aos responsáveis do PSD que encetaram conversações com as estruturas do CDS para uma possível coligação, classificando-a como uma ofensa e até um “ultraje político”. Quer isso dizer que, se Vasco Ferraz vencer sem maioria, sendo Araújo eleito vereador, o CDS não pode contar com o PSD para formar maioria? Isso depois se verá, ainda é prematuro para o dizer.
Renovação
Por vezes torna-se difícil sair dos espaços que sentimos como “nossos”. Mas é isso que é necessário fazer para poder avaliar ou perceber o que pode ser melhorado. Politicamente também é assim. Muito tempo no mesmo espaço, na mesma luta pode, por vezes, turvar a nossa visão, a nossa capacidade critica que nos faz inovar, que nos faz avançar.
A limitação de mandatos serve para renovar, para trazer outras visões, outras capacidades de intervenção, outras ideias. Embora num mundo ideal não devesse existir a necessidade de criar leis que obriguem à renovação, a realidade parece mostrar-nos que a lei deveria até, talvez, ir mais longe e abranger outros lugares elegíveis.